Excerto do meu texto em Diários de Viagem 2: Desenhadores-viajantes
Edifícios são talvez o
objecto de desenho que menos me agrada, o que choca com a minha formação de
base como arquitecto. Mas uma das regras tácitas que tenho para mim é: desenha
aquilo que te aborrece até não te aborrecer mais! O infame Palácio da Cultura e
da Ciência foi um antagonista à altura. São 237 metros de nemesis de betão que
me agradaram tanto desenhar como agrada às gentes de Varsóvia. Tentei tornar o
resultado um pouco mais interessante imprimindo duas camadas distintas – a
forma e o ritmo da arquitectura em linha e a sua verdadeira escala em mancha.
Por vezes as experiências não resultam como queremos e o diário gráfico é nisso
um mestre severo – obriga-nos a carregar os nossos próprios erros.
Especialmente os cadernos sem argolas.
Quando se trata de
desenhar edifícios, prefiro interpretar a apropriação que as pessoas fazem
deles, como no caso dos Pawilony – pré-fabricados de betão de desenho repetido
que deram origem a um dos mais quentes locais da noite de Varsóvia. Costumo
focar-me em detalhes, mas aqui, entre desenhar o interior extravagante de qualquer
bar e o exterior regular do conjunto, optei pela imagem geral monótona. Mais um
desafio cumprido!
(publicado também em http://pedromacloureiro.com/2015/02/poland-sketches-4-buildings-of-warszawa/)
4 comentários:
Bem agradaveis...
Fantásticos, como sempre, mas o desenho dos pré fabricados, está mesmo espantoso!!
...mais uma bela reportagem...
Monótonos? Nunca! Sempre cheios de interesse e encanto.
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