Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Agenda dos Sketchers - Dezembro 2016

Editorial

A grande notícia já vos foi anunciada por email no início do mês: os USkP assinaram um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, em parceria com a Casa-Atelier Vieira da Silva, para organizar oficinas e conferências mensais com formadores Sul-Americanos, Espanhóis e Portugueses, no âmbito da Lisboa, Capital Ibero-Americana da Cultura em 2017. Assim que o programa estiver fechado, a Agenda divulgá-lo-à. Até lá, podemos estar seguros de que os convidados serão de luxo!
Em Novembro anunciámos, excepcionalmente um evento fora de Portugal, mas era tão perto e a língua tão parecida que quase podia ser dentro de fronteiras - falamos do Compostela Ilustrada - que entre outros desenhadores Portugueses, contou com a participação do Vicente Sardinha, que fez a reportagem de abertura desta Agenda.
As chuvas começaram finalmente, e já se notam menos linhas na secção dos encontros deste mês. Mas se não sai na Agenda, não quer dizer que não aconteça, portanto fiquem atentos à barra lateral do blogue e aos blogues dos grupos regionais.
Até lá, bons desenhos e boas festas!
A equipa da Agenda

AGENDA DOS SKETCHERS
Dezembro 2016

Compostela Ilustrada
Por Vicente Sardinha
Entre os dias 11 e 13 de Novembro decorreu em Santiago de Compostela o 1º Encontro Internacional de Cadernos de Viagem “ Compostela Ilustrada”. O encontro, dirigido pelo Galego Miguelanxo Prado foi um cruzamento entre Banda Desenhada, ilustração e Urban Sketching.
Durante três dias as ruas de Santiago foram palco de workshops, palestras, apresentação de livros, exposições e até noites gastromómicas, uma espécie de rali das tascas onde as tapas e os desenhos andaram de mão dada. Todas estas atividades estavam a cargo de um painel de convidados onde se incluíam a francesa Catel Muller, o argentino Jorge González, os espanhóis Miguelanxo PradoInma SerranoSagar ForniesJoaquin Gonzalez DoraoFermín Solis e Clara Marta, e a portuguesa Ana Luísa Frazão.
Apesar da chuva que teimou em cair no sábado, foram três dias intensos para os cerca de 170 participantes nesta peregrinação pelos desenhos.
Um último destaque para a exposição “Portugal Ilustrado” onde 20 ilustradores portugueses apresentaram a sua visão do nosso país.
Desenhar com... Carmelitas e Românticos
Por Rita Catita
Inaugurado em 1864, o Museu Arqueológico do Carmo, situado nas Ruínas do Convento do Carmo, é um espaço cheio de história (e pré-história) onde se encontram objectos únicos. Desde o mês de Outubro, é também palco de outras importantes histórias: as histórias que contam os cadernos dos Urban Sketchers.
Um sábado por mês têm lugar neste Museu as oficinas “Desenhar com...” onde as arcadas das ruínas do Convento do Carmo têm sido objecto de especial atenção pelos sketchers que se juntaram à Fernanda Lamelas e ao Luís Frasco em Outubro e Novembro respectivamente. Desenhar a forma como estas estruturas se sobrepõem e deixam ver o azul do céu é um verdadeiro desafio.
Esta experiência é possível devido ao romantismo exacerbado que tomou conta dos pensadores no sec. XIX. O gosto por ruínas e antigos monumentos medievais que imperava, impediu que o Convento do Carmo, parcialmente destruído no terramoto de 1755, fosse reabilitado.
O Convento foi mandado construir por D. Nuno Álvares Pereira no sec. XIV para albergar religiosos da Ordem dos Carmelitas da Antiga Observância, o ramo mais antigo da Ordem do Carmo. Os Carmelitas encontram na contemplação o caminho para viver a sua fé.
Quando se desenha naquele espaço, sente-se o peso da história e ao mesmo tempo uma leveza associada ao que resta do edifício. Os Carmelitas não se enganaram quando o tomaram como espaço de contemplação. Tão pouco os românticos do sec. XIX que, ao terem “embargado” a obra, foram determinantes para que, hoje, possamos olhar o céu.
Desenho de Mónia Abreu, durante o "Vamos desenhar com Luís Frasco".
Simpósio Internacional de Urban Sketchers em Chicago
Por Pedro Loureiro
Entre os dias 26 e 29 de Julho de 2017, Chicago irá receber desenhadores de todos os cantos do mundo. A data foi fixada recentemente pela organização e está aberta a chamada para formadores que se queiram candidatar a liderar uma oficina, uma demonstração ou uma palestra.
As oficinas são unidades de formação em que os participantes esperam uma demonstração, um conjunto de exercícios e uma interacção cara-a-cara com o formador. Nas demonstrações, um instrutor mostra a sua abordagem e a sua técnica ao vivo a um grupo. As palestras destinam-se a quem queira partilhar uma história, uma experiência ou a dissertação sobre um tema relacionado com o urban sketching num ambiente de auditório.
Já temos os excelentes exemplos a seguir do Nelson Paciência e do Vicente Sardinha, que fizeram sucesso em Manchester com as suas palestras e actividades. Agora só falta enviar uma proposta até 31 de Dezembro, e até para o ano na cidade ventosa - Chicago!
Desenho de Andrew Banks do The Bean em Chicago.
Meet Urban Sketchers Instructors
Por Rita Catita
O Simpósio Internacional de Urban Sketchers é sempre um evento inolvidável. Quem teve a oportunidade de se juntar aos quase 500 sketchers, entre os dias 27 e 30 de Julho deste ano em Manchester, não esquece os dias de partilha que tiveram lugar nos diferentes pontos da cidade.
Durante estes dias trocaram-se ideias, experiências, cadernos e alguns contactos. Ainda assim gostaríamos de ter falado mais tempo com este ou aquele formador: conhecer melhor o seu traballho, o espaço que o desenho ocupa nas suas vidas, os materiais preferidos.
Pois bem, para reavivar as memórias felizes, o canal Youtube dos Urban Sketchers disponibiliza alguns vídeos “Meet Urban Sketchers Instructor” onde os formadores do Simpósio de Manchester resumem a sua participação no encontro e falam da sua relação com o desenho.
Aqui ficamos imediatamente ligados às entrevistas e podemos conhecer um pouco melhor aquela pessoa com quem não tivemos a oportunidade de interagir.
Para os infortunados que não foram a Manchester, é uma oportunidade para contactar com os formadores do Simpósio e começar, desde já, a arrumar na mochila as expectativas para Chicago.

ACONTECE EM DEZEMBRO

Exposições

De 14-11 a 30-12 | Torres Vedras | Diários Gráficos - Intervalos para desenhar | Pedro Alves | Elegance Bar
Exposição de diários gráficos de Pedro Alves.
De 17-11 a 31-12 | Lisboa | O Mundo num Caderno | Vários autores | Escola António Arroio e USkP
Exposição de cerca de 180 diários gráficos de mais de 60 urban sketchers na Escola Artística António Arroio.
De 21-11 a 05-12 | Chamusca | O coração do Ribatejo | CM Chamusca
Os cadernos e desenhos resultantes do Encontro de Sketchers na Chamuscaestarão expostos na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal.

Encontros

De 20-11 até data indeterminada | Lisboa | Quinta do Ferro | Clube Desportivo da Graça, ateliermob e USkP | Open call
17-12 | Lisboa | Desenhar Campo de Ourique | Rosário Félix e CampOvivo
17-12 | Vila Nova de Gaia | Encontro de sketchers no torneio aberto de pares | PoSk, Clube de Ténis de Gaia e HELPO

Formação

10-12 | Lisboa | Diário Gráfico | Eduardo Salavisa | Casa-Atelier Vieira da Silva
10-12 | Lisboa | Alfabeto Lisboeta: museus incomuns | Electricidade | Central Tejo - Museu da Electricidade
17-12 | Lisboa | Alfabeto Lisboeta: museus incomuns | Mário Linhares | Museu da Farmácia

Desafio 73 - Céu

Participem com os vossos desenhos até 25 de Dezembro, marcando o post com a etiqueta "Desafio73".

Desafio 72 - Calçada Portuguesa

O desenho mais comentado no desafio do mês de Novembro é da autoria de Celeste Vaz Ferreira, que nos contou a história de quem faz a calçada Portuguesa.
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IGREJA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATE



ESCADINHAS DE S. MIGUEL



Escadinhas dos Remédios

Há vistas que pouco mudaram.
Como esta que no livro Lisboa Velha tinha o Nº17 e que, passados 90 anos, se mantém quase na mesma.

Caderno de Campo _ Encosta de S. Vicente IV

Há subidas que custam, mas no final vale sempre a pena.

Segui o exemplo do Pedro Alves e comecei a usar as horas do almoço para exercitar o corpo e a mente...desenhar, entenda-se...


 Esquerda - Rua Aníbal Gaspar (Choupal); Direita - Rua das Escadas (Matadouro).

Miradouro de São Pedro de Alcântara

 
Achei muito giro quando foi lançado o desafio do Roque Gameiro, até imprimi as imagens e os locais para fazer, achei que iria fazer imensos desenhos mas ... o tempo passou e já estamos a 30 de Novembro e não consegui cumprir esses objectivos.
Este desenho é um Roque Gameiro não propositado. Em Agosto apeteceu-me fazer esta vista do Miradouro de São pedro de Alcântara, e não é que fiz um Roque (como diz o Pedro Loureiro) sem saber?
 

Convento do Carmo II




Nova visita ao Convento do Carmo, desta vez sem ter entrado. Uma perspetiva do portal lateral e do contraforte, com um pormenor dos capitéis do mesmo.


Roque Gameiro para o século XXI (digital, portanto).


Sobre este desafio pensei desenhar a Igreja de Monserrate e o Chafariz do Carmo, entretanto, resolvi pesquisar e vi que pelo meio existiam outros pontos entre estes dois locais que também serviram de "modelo" ao artista português. Assim,  fiz o percurso a pé desde o Rato (Monserrate) até ao Largo do Carmo, com uma paragem pelo meio na rua do arco de São Mamede (escolhi  a perspectiva de baixo por ter melhor luz naquele momento) e outra no Miradouro de São Pedro de Alcântara (aqui preferi a vista iluminada, ao Miradouro (que também estava um bocado sombrio, pois já passava das 16h). 
Uma das coisas que gosto no desenho com este meio é que o traço fica tosco, imperfeito, já que a superfície do tablet escorrega, não oferecendo a resistência do papel.  O que se pensa que poderá ser um desenho mais rápido, acaba por o não ser, porque o desenho neste suporte pode tornar-se  infindável, não só porque o suporte não se gasta, mas também porque permite usar diferentes camadas, sendo possível continuar a experimentar numa nova camada sem estragar o que já está feito. Porém, um inconveniente de se desenhar com o tablet na rua, é a questão da luz, que, sendo mais intensa do que num espaço fechado interfere um pouco no écran.


Igreja de Monserrate, Lisboa, 23 novembro 2016.

Rua do Largo de São Mamede, Lisboa, 23 novembro 2016.

Vista do Miradouro de São Pedro de Alcântara, Lisboa, 23 novembro 2016.

Largo do Carmo (já ao final do dia, tudo era já meio cinzento, sem contraste), Lisboa, 23 novembro 2016.


Assim

Nestes dias assim, é bom pensar nestes dias assim!


No metro


LISBOA VELHA - DETRÁS DA IGREJA DE S. MIGUEL




Quinta do ferro "espaço a ser intervencionado "


Lisboa ,Alfama aproveitando o desafio Roque Gameiro num dia de chuva nada melhor que recolher numa esplanada e olhar em redor


Alfama "Escadinhas dos remedios" num dia de Chuva



A Baixa vista do Jardim de S. Pedro de Alcântara



Um dia estranho e solarengo atingiu a cidade quando o Pedro Alves e eu decidimos que era tempo de enfrentar o desafio de desenhar a jóia da coroa do portfolio de Roque Gameiro. Antes, tivemos o desafio menor de subir meia colina de São Roque. Andávamos a fugir a este desenho por causa do seu potencial consumo de tempo, mas fomos afortunados por um intervalo inesperadamente comprido no trabalho.

Do patamar elevado, com a baixa inteira aos nossos pés, conseguiamos apontar quase todos os locais onde tinhamos desenhado no trilho de Roque Gameiro pela Lisboa Velha. Foi a tarde perfeita para considerar a curva de aprendizagem que haviamos percorrido ao lidar com este desafio e para relembrar tudo o que este exercício nos trouxe. É devido um agradecimento final ao Pedro Cabral, que desafiou os desenhadores Portugueses a desbravar este trilho artístico.




Entre a inquietação das palavras e a descontração do desenho, foi uma tarde muito agradável e em boa companhia na CASA FERNANDO PESSOA.

Cadernos, canetas...Acção!_26NOV16

Registo da Exposição "Cartazes de Cinema Português", a decorrer na Sociedade Nacional de Belas Artes, bem como os afixados  no Hotel Tivoli.
Fig 1.Um dos muitos cartazes patentes no HotelTivoli
Fig 2. SÍNTESE DOS MEUS REGISTOS DOS CARTAZES

Rua do Século (antiga Rua Formosa)



Do Alto da Cotovia muitas histórias já rolaram - um pirómano cleptomaníaco, construções falhadas, um reservatório de água subterrâneo que ainda hoje existe, com uma ligação insuspeita ao miradouro de São Pedro de Alcântara e ramificações em todas as direcções da colina Jesuíta. Todas estas histórias já foram bem melhor contadas do que eu o poderia fazer, aqui.

A nossa história é bem mais simples: sem mais locais desenhados por Roque Gameiro na nossa jurisdicção (aqueles que o horário de almoço nos permite alcançar), Pedro Alves, Tomás Reis e eu fomos obrigados a correr pela colina acima para, abrigados da chuva, desenhar o local mais próximo seguinte - o início da Rua do Século. Depois já só havia tempo para descobrir uma bela sopa e uma belíssima sandes de panado, no local que se gaba de ter as melhores empadas de Lisboa - a verificar.

(continua)


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Cais do Sodré

A estampa 83 do livro Lisboa Velha, do Roque Gameiro, mostra o Cais do Sodré com uns restos de praia que nunca conheci.
Quando era miúdo vinha para aqui velejar nas tardes de terça e quinta-feira, no meio de um frenesim de navios de cabotagem, barcos de pesca, muitas fragatas, varinos, faluas e toda a sorte de pequenos botes que varavam mesmo ali no perret. Às vezes era uma babilónia tal que tínhamos dificuldade em chegar ao rio e navegar em "águas livres".
Voltando agora aos mesmos lugares encontro uma espécie de "Casa da Mariquinhas: não vi nada nada nada que pudesse recordar-me... "
Nas mesmíssimas casas onde havia barcos e aprestos navais  temperados com restos de nafta e de peixe com cheiros fortes há agora não um senhor que é lingrinhas mas uma cidade de restaurantes, cafés e bares. Onde se está muito bem!

Mercado de Campo de Ourique fora de hora de ponta

É difícil imaginar o Mercado de Campo de Ourique só para nós...mas foi assim que o encontrámos num dia de semana a meio da tarde. Fica o registo.


Barro Preto de Bisalhães

O Barro Preto de Bisalhães foi inscrito hoje na lista de Património Cultural Imaterial que necessita de salvaguarda urgente por estar em vias de extinção.
Há cerca de 10 anos procurei Bisalhães precisamente pelas características da sua olaria donde trouxe esta fantástica peça que é um assador com a forma de peixe.

Jardim na Rue de la Madeleine

Naquela manhã de sabado, com um pouco de sol e sem gente, o jardim na Rue de la Madeleine (Bruxelas) até parecia deslocado do seu contexto habitual.  Por instantes achei-o bonito.
Leonor Janeiro

Casa Fernando Pessoa



Feito no sábado passado na Casa Fernando Pessoa numa actividade que a Rosário arranjou integrada nas actividades do Campo Vivo de Campo de Ourique.

Foi um dia pleno - de manhã o workshop da Célia de Burgos que já aqui publiquei e que foi óptimo e à tarde a calma de desenharmos o que nos quiséssemos na Casa Fernando Pessoa.

Ele e os outros dele estavam contentes e deram asas às nossas canetas. Obrigada, Rosário.

desafio ROQUE GAMEIRO

 Estes dois desenhos sobre o ARCO DE Stº. ESTEVÃO foram difíceis de executar, porque o VISTO DE BAIXO tem um enorme Cipreste mesmo em frente, o que obriga a um "vai e vem" contínuo para se poder perceber o que se passa por trás à medida que o desenho se vai desenvolvendo, o VISTO DE CIMA por estar em obras com tapume e camionetas estacionadas mesmo de fronte do Arco obrigou- -me a ter que lá ir 2 ou 3 vezes para encontrar a vista desocupada.                       
 Este desenho sobre as ESCADINHAS DE SÃO MIGUEL teve que ser realizado num local mais à frente, devido à existência de umas Laranjeiras que tapam a vista do local aonde o Roque Gameiro desenhou.  O céu mais escuro sobre a parede branca foi inspirado no original só par dar mais enfase ás paredes brancas contíguas. Ao fundo do Arco vêem-se as CASAS NA RUA DO CASTELO PICÃO.