É da chuva
Abrem-se as janelas ensonadas,
Lê-se a sina no céu,
Anunciam as nuvens encharcadas:
Vai cair como um véu.
E, de chuço na asa,
Navegando incógnitos na turba,
Vamos à vida, que se atrasa,
É da chuva, é da chuva.
A milenar cidade escurece
Mergulhada num breu de tristeza,
Que até a alma arrefece,
É da chuva, de certeza.
Está Braga de cara fechada
E encharcada por dentro,
Vertendo lágrimas na calçada,
Das ruas mudas do centro.
Também o ofício emperra,
Sonolento e desconsolado,
Falta-lhe sangue na guelra,
Porque chove pesado.
Tardou o toque de saída,
Mas não esquece o varetas,
E, em passo de corrida,
Vamos saltando valetas.
Batemos a porta da rua,
Mudamos a roupa que pesa,
Mas até a janta amua,
Foi a chuva, de certeza!
Mário Carvalho
12 de novembro de 2019
Abrem-se as janelas ensonadas,
Lê-se a sina no céu,
Anunciam as nuvens encharcadas:
Vai cair como um véu.
E, de chuço na asa,
Navegando incógnitos na turba,
Vamos à vida, que se atrasa,
É da chuva, é da chuva.
A milenar cidade escurece
Mergulhada num breu de tristeza,
Que até a alma arrefece,
É da chuva, de certeza.
Está Braga de cara fechada
E encharcada por dentro,
Vertendo lágrimas na calçada,
Das ruas mudas do centro.
Também o ofício emperra,
Sonolento e desconsolado,
Falta-lhe sangue na guelra,
Porque chove pesado.
Tardou o toque de saída,
Mas não esquece o varetas,
E, em passo de corrida,
Vamos saltando valetas.
Batemos a porta da rua,
Mudamos a roupa que pesa,
Mas até a janta amua,
Foi a chuva, de certeza!
Mário Carvalho
12 de novembro de 2019
2 comentários:
Que bonito!
Gosto das tuas pessoas. Têm muito movimento e expressão.
Enviar um comentário