O Theatro Club recria, por estes dias, na sua sala de exposição, a escola do tempo do Estado Novo: duas fotografias na parede, de um preto e branco tão austero como os retratados, um crucifixo entre elas ao meio, mapas de Portugal e do mundo, máximas do regime, carteiras de madeira perfeitamente alinhadas e vários sólidos maciços e impecáveis, com um número de lados e arestas para decorar em casa.
Não vivi neste tempo, vivi depois, mas a minha escola primária ainda tinha este aspecto quando a frequentei, pelo que quando a sempre gentil Sofia Freitas me guiou até à sala, voei diretamente para a minha primeira classe, com a professora Margarida (sempre de cara fechada) junto ao quadro preto e o pequeno Sebastião (Come Tudo-tudo-tudo) sentado ao meu lado, a partilhar a carteira comigo, bem como as dúvidas.
Engraçado, a propósito de memórias, lembrei-me do desenho mais difícil que a nossa professora nos mandou fazer. Em "Meio Físico e Social", ensinou o que era uma fábrica e depois mandou-nos desenhar uma. Pois eu, mesmo depois da explicação, não sabia, nem imaginava, como seria uma por dentro, por isso, desenhei uma espécie de tanque público (e esse conceito já eu dominava por experiência própria), com uma série de mulheres à volta a esfregar roupa, roupa de todos, que depois passavam à mulher do lado para continuar a esfregar a outra manga e por aí adiante até toda a roupa ficar lavada. Ficou muito bem, mas a professora deve-se ter fartado de rir (em casa, porque na escola não).
3 comentários:
Adorei a história! Os desenhos ficaram tão bem. Os mais velhos irão reconhecer o ambiente.
Obrigada! O comentário de todos tem sido: - Oh! Olha a minha escola!
Muitos parabéns Patrícia. Ficou muito fixe!...uma viagem ao passado.
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