Desejo-vos o melhor para 2018 e deixo-vos com um poema sobre a minha cidade - Lisboa - de Sophia de Mello Breyner cuja poesia me toca profundamente.
Digo:
«Lisboa»
Quando atravesso — vinda do sul — o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas —
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
— Digo para ver
1977
In Navegações, 1983
4 comentários:
Lindo!
Que bela maneira de terminar as postagens de 2017!
Feliz Ano Novo Helena!
Fefa
Obrigada, Fefa, um Bom Ano para si e para os seus.
Mas que post tão simpático.
Bom ano também para ti. Com muitos desenhos e muitas palavras bonitas.
Bom Ano! Que bonita poesia da Lisboa que tanto desenhamos!
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