Troca de desenhos com Siza Vieira

Não logo a seguir, mas depois das muitas pessoas terem deixado o Auditório e ainda com jornalistas e arquitectos à volta do Siza Vieira (de facto não largavam o senhor!) aproximei-me dele para me apresentar e agradecer a sua conferência no iSiza 06 a propósito do 20º aniversário da Igreja de Santa Maria em Marco de Canaveses. 

O senhor é um habilidoso contador de histórias. Não lhe disse, mas pensei. Com um humor refinado, com um tom de voz de quem já tem 83 anos, com um olhar semi-cerrado, estava ali ele com o peso da idade e da experiência a dar autógrafos com uma esferográfica bic preta.
Daquelas bics que falham.

Apresentei-me então. Sou o P. Nuno Branco, jesuíta. E agradeci-lhe a conferência, a extraordinária conferência.
Se não me levar a mal - acrescentei - gostava de lhe mostrar 2 ou 3 desenhos que fiz durante a sua exposição.
Ah sou eu! - respondeu ele com aquela voz rouca e envelhecida. Sou eu, mesmo! - e riu-se! Está parecido, deixe lá ver mais. Tem mais? E começou a folhear o caderno. E ria-se.
E você faz o quê, qual é a sua formação? Perguntou.
Arquitecto não praticante - respondi-lhe.

O senhor pegou na dita bic preta e no meu caderno e começou a escrever. Não ia escrever, ia desenhar. E desenhou-se a si próprio. Desenhou e assinou. ASiza.
Estendeu-me a mão, agradeceu e disse: "Você é dos que desenha bem!"

Impressionante a humildade deste homem.

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