Paraty!

Tive um fim de semana em cheio. Depois de ontem ter orientado pela primeira vez um encontro de desenho, em Torres Vedras, hoje soube que vou ter o privilégio e a responsabilidade de ser o correspondente dos formidáveis Urbansketchers portugueses em Paraty, no Brasil. Gostava de partilhar convosco o texto introdutório da minha candidatura à bolsa:

   Desenhar é poder contar uma estória. Sem escrever, ou quase não escrever. Escrever apenas e só aquilo que o desenho não pode contar, como a letra de uma música, o cheiro da comida, a velocidade do vento ou o nome de alguém especial. E podemos até nem escrever o nome, podemos sempre atrever-nos a desenhar-lhe o rosto.

   Chamo-me Nelson Paciência, sou arquitecto, vivo em Lisboa e tenho 38 anos. Tenho dois filhos de cinco e sete anos. Quase nunca lhes tiro fotografias. Desenho-os. Observo-lhes o detalhe do rosto, as mãos pequeninas, gosto de os ver a brincar e gravo-os na minha memória. E no meu caderno.

   Os desenhos contam uma estória diferente das que os livros contam, mostram os lugares, as pessoas, ouvem as conversas e registam-se no tempo.

   Gostava muito de poder contar as estórias do Simpósio de Paraty através dos meus desenhos.

Estou seguro que qualquer um dos candidatos faria uma extraordinária reportagem, e confesso que tremi de medo quando vi qual era a "concorrência" a esta bolsa, adoro os desenhos de todos. Um obrigado especial ao Vicente Sardinha, à Sofia Palma, ao António Araújo, Daniela Rodrigues e Valter Pratas, que permitiram que fosse eu o escolhido. 

Como podem ver, estou preparado!