Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Desenhos realizados no workshop de Pedro Fernandes «Viagem às Ilhas Selvagens», no Museu de Arqueologia do Carmo «A Viagem e o Diário Gráfico». A sessão de desenho foi na Praça Luís de Camões, em Lisboa.
A fotografia apresenta a diferença de escala entre os dois desenhos, que é a mesma dos últimos desenhos que aqui publiquei - os cadernos são os mesmos, o dia foi o mesmo, os materiais também.
A escala é uma questão interessante pois a maior parte das pinturas que conhecemos, conhecemo-las a partir de reproduções e esquecemo-nos muitas vezes de interiorizar a informação (se existir) das dimensões da obra.

8 comentários:

hfm disse...

Sobre o que aqui escreves sobre a escala das pinturas conto-te o que senti quando vi ao vivo em Milão o quadro de Mantegna do Cristo deitado... tão pequenino, e eu que o via grande! O outro de Frida Khalo da estrutura na sua coluna - fazia-o um quadro bem grande, outro bem pequeno. Porquê esta ideia de darmos a quadros que apenas conhecemos em fotografia um tamanho que em nada corresponde à realidade? E apesar de tudo continuamos a sentir que eles deveriam ser maiores.

Tiago Cruz disse...

Essa questão é muito interessante… Também concordo… fico sempre com a ideia de que as obras que gosto têm grandes dimensões. Culturalmente, da mesma forma que associamos o alto ao positivo e o baixo ao negativo, ou a esquerda ao passado e a direita ao futuro, penso que a associação entre qualidade e quantidade, neste caso, tamanho, também é válida. São metáforas que acabam por ser constantemente alimentadas pelas coisas que vemos à nossa volta. Claro que muitas vezes (maior parte delas?) são falsas associações…

Reflexões á parte, gosto muito destes teus desenhos Luís! :)

claudio patanè disse...

Luís!! ja acho qhe falamos sobra isso...!!??
para mim esta questão dos tamanho de uma obra é e foi, e será sempre importante. Acontece na arte em geral!! acontece na arquitectura também...nas dimensões de umo espaço, que em foto apareça mai grande quem na realidade!!
por isso para mim é importante sempre sugerir, a dimensão de um desenho, de uma photo, de um caderno, de umo espaço, com um referimento real externo. No desenho da "panoramica" de Lisboa, por esemplo, eu acho que digitalizar não faz sentido, um video é uma questão fondamental, mesmo por um caderno com tamanho pequeno em geral. O tamanho da mão que vira a página diz tudo..o uma caneta posta o lado...
Sim!! a realidade e a sua copia é uma coisa dificil da interpretar!! é uma questão muito antiga ( os exemplos da Helena, são importantes).
Acho que é belo percebir os tamanhos real das coisas, também para percebir a "MATERIALIDADE" das coisas...no meu caso, no meus desenhos as vezes ficai impressionado outras vezes ficai desapontado(?) de resultado real..
parabéns pelo desenhos e fotos dos desenhos ;.)
como sempre grande trabalho...
desculpa para o meu portoguês ..
parabéns!!!

claudio patanè disse...

...depois de todas estas palavras que escrevi antes, esqueci uma outra palavra importante é "REPRODUÇÃO". Conceito que faz parte da nossa contemporaneidade...vamos a falar sobra isso e perdemo-nos. Acho que a leitura do Walter Benjamin
"a obra d'arte na era de sua reproducibilidade técnica" é ainda atual....
abraços!!

Luís Ançã disse...

Gostei muito dos comentários. Estive para exemplificar algumas pinturas e acabei por não o fazer para não escrever muito, mas a Helena acabou por o fazer.
É interessante o ponto de vista do Tiago, coisa que nunca tinha pensado em termos da (re)produção artística. Um dos piores professores que tive nas Belas Artes (em todos os aspectos) dizia: «Para se espalharem, espalhem-se em grande!» Queria a pobre criatura dizer para pintarmos em grandes dimensões porque, para pintarmos mal, devia ser em grande; aqui, este tipo de postura prende-se com aspectos obviamente fora do âmbito da criação artística, entra mais no domínio do patológico....
Outro aspecto que está em causa na questão da escala é mesmo a «Reprodução» como assinalou o Claudio. E vou citar o Walter Benjamin (para aproveitar a boleia): «Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única .»
De um ponto de vista mais objectivo acho importante ter conhecimento da escala e da técnica daquilo que vemos, mas mesmo assim é um exercício difícil. Nada melhor do que ver as obras ao vivo. Lembro-me de algumas pinturas venezianas do século XVIII onde o pormenor não é directamente proporcional à escala. A colecção de Francesco Guardi, no Museu Calouste Gulbenkian é disso ilustrativa (e absolutamente fascinante). Ou das pinturas do Turner onde, pela razão contrária, também não o são.
Para terminar, gostava de realçar outro aspecto que o Claudio colocou sobre a apresentação das suas panorâmicas: qualquer reprodução em que haja uma grande disparidade entre o comprimento e a altura acaba por não dar minimamente a noção do real, quando a escala de apresentação se afasta muito da unidade.

Adriana Martins disse...

como se chama a essa caneta que aparece na primeira fotografia que tem a ponta tipo pincel, quero assim uma e nao encontro :(

Luís Ançã disse...

Adriana: é uma "Derwent WaterBrush". Compra-se nas lojas de materiais para Belas-Artes.

http://www.journalcraft.co.uk/water-brush---pentel-aquash---medium-tip-23-p.asp

Adriana Martins disse...

muito obrigada :)