Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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sábado, 23 de janeiro de 2010

Desafio VII: metro de Lisboa.

























Desenhar alguém perto das portas do metro, no interior da composição em movimento, pode ser uma surpresa.

Começamos, olhamos umas poucas vezes, alguns traços, e quando voltamos a olhar a pessoa já saiu.
Onde estava alguém deixou de haver gente.
Ou está agora uma outra pessoa qualquer que entretanto entrou nessa estação.

Desenhar alguém assim é como escrever com uma caneta com pouca tinta e saber disso, que é a única que temos naquele momento.
E, de súbito, acabar a tinta e não termos como continuar uma carta, um desenho, um texto.
E por isso tentamos dizer o mais possível por poucas palavras, sintetizar, falar do mais importante enquanto escrevemos.

Como as cartas e os postais que escrevemos em viagem.
A aproveitar todos os instantes da viagem e pedaços de papel, a encolher a letra para caberem mais palavras, histórias, sentimentos.

Enquanto há tinta. Enquanto está ali alguém.

É um instante. É a urgência da última palavra, do último olhar.
Fica como quando ela saiu. Como a via antes de sair. Fica como está.


3 comentários:

Alexandre Esgaio disse...

E fica muito bem...

Anónimo disse...

Gosto iqualmente das palavras como do traço.

redsmgirl disse...

Até as sínteses incompletas, retalhos da vida têm o seu esplendor... Sugerido, indefinido, traçado!!