Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

1º do ano 2020

De Porto Côvo, à albufeira da barragem de Morgavel
18,5 Km de paisagens inigualáveis

Porto Côvo - Sines
9:00

Apesar de ter sido noite de passagem de ano, voltei a acordar cedo e aproveitei para dar as boas vindas ao novo ano com uma nova caminhada de 18,5 km.
 
Após várias dias a explorar a costa de Porto Côvo, senti vontade de conhecer o seu interior.

Parti rumo à Albufeira da barragem de Morgavel. Meti-me pela estrada do parque de campismo, seguindo-se um trilho de terra batida que atravessa a Herdade das Várzeas. Este trilho é magnífico, pois a nascente temos uma planície, onde ao longe avistamos as serras e os moinhos eólicos. A poente, logo após a planície verdejante, vislumbra-se o oceano ponteado pelos navios de carga que aguardam entrada no Porto de Sines. A minha única companhia são as vacas que começam a pastar logo após os primeiros raios de sol. Não se vê vivalma. Silêncio, quebrado apenas pelo mugido das vacas, o cantar dos galos e o ladrar dos cães. 

Chego à Herdade, um conjunto de casas térreas, cuja quantidade de portas e carros estacionados no exterior denunciam mais um Alojamento Local. Terminado o trilho da herdade das várzeas, sigo por um caminho rural, onde volto a encontrar um monte (1º desenho abaixo). Mais à frente, cruzo-me com a estrada municipal nº 554, mas continuo por terra batida no sentido nascente, numa zona de montado e eucaliptal. 
Pelo caminho encontro um monte abandonado, uma imagem bucólica que tinha de ser desenhada (2º desenho abaixo).

Uns quilómetros à frente e nova estrada (N-120-4), que volto a evitar. Pelo caminho encontro rasto de javalis. Mais à frente, vislumbra-se a barragem (3º desenho abaixo), e sente-se nos ossos - a humidade e o frio. À volta da barragem encontramos várias árvores de grande porte que abrigam várias autocaravanas. A cota da água é baixa, muito baixa, o que nos permite caminhar junto às bermas.


Um agradável passeio e uma bela paisagem manchada apenas pelas chaminés da central termoelétrica de Sines. Está na hora de voltar sentido a casa, mas por outro caminho. Parti para poente, rumo à costa, passando por um antigo monte, também este abandonado (1º desenho abaixo). Sem querer, pus-me a imaginar o potencial destes espaços. O que poderia ser feito. O tipo de usos...etc... Defeito de formação.... 
Cruzo-me novamente com estrada nacional 120-4, mas opto pelo caminho rural que vai em direção ao mar. Os barcos continuam lá, à espera de vez. À direita vislumbra-se a praia de São Torpes, a central, e o porto de Sines. À esquerda sou seduzido por uma barraca de madeira e chapa metálica que tem o oceano como pano de fundo (2º desenho abaixo).

Chego à praia da Oliveirinha (1º desenho abaixo), rumo ao sul, sempre junto ao mar. Ao fundo a ilha do pessegueiro. A paisagem é esmagadora. Cada passo que damos, há sempre uma nova surpresa. As rochas são todas diferentes, dando um efeito policromáticos que carateriza a Costa vicentina. 


Mais uns quilómetros e chego a Porto Côvo. Final de viagem. Amanhã há mais 

Desenho feito ao final da tarde - capela



3 comentários:

Isabel Alegria disse...

Essas paisagens rurais sintetizadas são muito boas!
Obrigada por nos levares contigo nessa narrativa visual tão completa e depurada.

Rosário disse...

Bom Ano! E continues a dar-nos bons desenhos!

Alexandra Baptista disse...

Que paisagens largas e simples, gosto muito da sintese.