Entrevista a Abnose Armando Baldaia, conhecido entre os urban sketchers por Abnose, mostra-nos que nunca é tarde para começar a desenhar. Costuma desenhar com os USkP Norte e com os PoSk.
|
|
Há quanto tempo desenhas? Como toda a gente, comecei a desenhar na escola, ou antes disso. Quando cheguei ao liceu, dei por mim a entrar para a Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, quase como "um mal menor" para quem andava à deriva sem saber minimamente o que queria da vida. Sem saber e sem pensar nisso sequer. Ainda no secundário, larguei os estudos (o final da década de 70 foi muito atribulada para a minha geração) e nunca mais pensei no desenho. A minha vida seguiu outro rumo e tornei-me um "marinheiro de escritório", trabalhando na área dos transportes marítimos, vida profissional onde ainda hoje navego, na área do accounting. Quando fiz 50 anos, e após a morte do meu pai, fui apanhado num daqueles momentos "esotéricos", em que questionamos a vida que temos, o que vivemos e o que ainda temos para viver... Foi neste período que, sem mais nem menos, bati de frente com os desenhos do Eduardo Salavisa na net. Fiquei a olhar para aqueles registos e senti que estava ali tudo o que me apaixonava na fotografia, antes do digital: o momento, o espaço, os sons, os odores, o clima, a vida que flui à nossa volta... só pensei "Bolas! É isto!..." Quis logo aprender a desenhar. Passei uns meses no atelier do João Pedro Rodrigues, depois matriculei-me no Clube de Desenho (onde ganhei uma família), contactei os USKPNorte, frequentei workshops e o rebuliço nunca mais acabou. Mas a pergunta era há quanto tempo desenho, certo? Comecei a desenhar depois dos 50. |
Há quanto tempo és USk? No final de 2014 fui ao meu primeiro encontro dos USkPNorte. Compareci apenas para ver como aquilo funcionava, com a promessa de que não precisava de desenhar e podia andar por ali a conhecer as pessoas e a ver o que faziam. Tive como "padrinho" o Tiago Cruz que - ainda hoje não percebo como - conseguiu que a meio da manhã eu já estivesse de caderno e caneta na mão em plena Rua de Sta. Catarina, a fazer o meu primeiro borrão. Um borrão que pelo menos ainda me serve para lembrar que me tornei um USk no dia 30 de novembro de 2014. O que/quem mais inspira os teus desenhos? Sinceramente não sei. Ainda vivo numa fase muito camaleónica, em que tudo o que vejo me influencia. Salto de galho em galho a tentar conhecer uma floresta que por ser tão grande, provavelmente nunca conhecerei completamente... enquanto houver um novo galho para onde possa saltar, sinto-me satisfeito. O encontro USk mais marcante? Além do primeiro, que já mencionei, marcou-me muito o 1.º Encontro Internacional de Desenho de Rua em Torres Vedras. Foram cinco intensos dias de desenho, cheios de workshops com verdadeiros mestres, e onde conheci pessoalmente dezenas de urban sketchers de todo o país, do Brasil e de Espanha, e com os quais fiz algumas amizades solidificadas com o tempo. Não por acaso, costumo referir-me a ele como o meu "Woodstock". Que materiais preferes usar? Gosto de experimentar materiais diferentes, formatos diversos de cadernos, etc, mas a base permanente é sempre a caneta e a aguarela. |
|
Queres colaborar com a Agenda dos Sketchers? Estamos sempre à procura de histórias de encontros e actividades dos urban sketchers em Portugal. Se gostavas de ver a tua história aqui, pergunta-nos como podes fazer, enviando um email para uskp.regionais@gmail.com. |
|
|
Sem comentários:
Enviar um comentário