As minhas férias eram para ter um destino mais longínquo, mas quis um conjunto de circunstâncias que Miami - Flórida, em menos de nada se transformasse em Sines - distrito de Setúbal.
Em boa hora, convenhamos, que pela pacata cidade do litoral alentejano não costumam passar furacões, nem calor e humidade desmedidos, e as notas de euros deram para muito mais coisas que as notas de dólar nas terras do tonto do Donald.
Notas era o único meio de pagamento aceite num dos lugares mais formidáveis que encontrei naqueles oito dias, a Adega de Sines. Sem uma carta com as especialidades da casa ou vulgaridades de outros restaurantes, a comida servida naquele serão estava escrita a giz num quadro na parede. As mesas eram corridas em pedra de mármore, com uns banquinhos de madeira. O vinho da casa era despejado para dentro dos jarros desde um garrafão de vidro forrado a uma espécie de empalhado mas de pvc, os grelhados eram feitos bem na nossa frente, por entre resmungos e má cara, que contrastavam com a simpatia da Dona Edite e da Susana. Ao segundo serão já nos cumprimentavam e falavam connosco como se fossemos amigos ou família.
"Cheguem mais cedo, senão pode já não haver comida", disse-nos a Dona Edite num dia em que tinha acabado a comida, pouco passava das nove e meia.
Este foi provavelmente um dos lugares mais encantadores por onde me lembro de ter andado. Comi javali estufado na panela, frango assado, sardinhas assadas daquelas mesmo boas, e uma feijoada de búzios absolutamente incrível. No final da noite, e sempre oferta da casa, ainda bebia uma aguardente de medronho.
Quase que aposto que em todo o estado da Flórida, não existe um restaurante desta categoria...
6 comentários:
Que férias e que desenhos fantásticos!
Umas férias cheias de histórias.
Deliciosamente escangalhados:)
Muita lindos! E de locais que fazem parte da minha infância!
Adega... daí os desenhos escangalhados!
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