Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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sábado, 2 de abril de 2016

Jantar Comunitário

As pessoas presentes neste jantar comunitário, que vivem na rua ou em situações muito precárias, são, para as outras, como se fossem “invisíveis”. As pessoas passam por eles e olham para o lado, não as querem ver, no fundo não querem ser confrontadas com aquele outro. Alfredo, o responsável pela Associação “Serve the City” convidou-nos para nós, segundo disse, tornámo-los “visíveis”. Para os desenharmos temos que olhar muitas vezes, temos que observar todos os pormenores, as suas expressões, como se vestem, os seus gestos. Serem o objecto, pelo menos durante uns minutos, da nossa (máxima) atenção.




A meio do jantar consegui um lugar numa mesa. Chamou-me a atenção um senhor que abriu uma pasta e mostrava desenhos aos outros companheiros de mesa. O pintor é o Dacosta (nome artístico de Vítor da Costa) com quem conversei sobre os seus recentes êxitos artísticos. Ao meu lado esquerdo estava Tito, que veio de África já adulto e vive em Carcavelos, perto da praia, o sítio mais parecido com o lugar de onde veio. Do lado direito o Luca, geógrafo italiano que está cá a estudar os tremores de terra. O Joaquim estava mais atento à comida e a Sandra era muito simpática. O Rodrigues e o Carlos eram homens calados que só observavam.



No fim do jantar comprei uma pintura ao Dacosta. Intitulada "O delicioso lugar de estar" e que podem ver aqui. O suporte em papel, técnica mista, um abstracto. Para ele é África, a sua origem, com rios, pássaros, o sol a pôr-se, árvores, tudo o que nós quisermos que lá esteja. 

9 comentários:

hfm disse...

Belíssima reportagem.

Teresa Ruivo disse...

Ficaram incríveis Eduardo. O último fecha com chave de ouro!

Rosário disse...

Uma boa reportagem sem esquecer os nomes das pessoas invisíveis!

Marcelo de Deus disse...

Grande

nelson paciencia disse...

que optimo post!

L.Frasco disse...

Que maravilha, Eduardo!
Além dos desenhos, adorei o teu texto. Que sorte teres podido essa proximidade!

Alexandra Baptista disse...

Que grande reportagem... e a experiência então..

cláudia mestre disse...

Gostei muito dos desenhos e do relato escrito. Que interessante experiência e partilha! Fui ver a pintura do Dacosta ao teu blogue.

Suzana disse...

Bonita reportagem, adorei este projeto!