Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Velho e novo


    Durante a visita às ruínas do Cró, surgiu um senhor de Mercedes a fumar charuto, sem sair do carro, e a querer a minha opinião sobre as termas e o desaproveitamento das ruínas, com uns modos rudes e acompanhado de mais 3 amigos. Falava-me com um ar provocador como se eu tivesse alguma coisa a ver com a construção do balneário e do hotel de 4 estrelas. Não lhe dei muita conversa, vi que era daquele pessoal que apenas critica negativamente e que, de alternativas ou valores positivos, é zero. Terminou a rápida conversa com "Isto é Portugal. Bom dia." e respondi "bom dia" matutando que aquilo eram portugueses dos tais "tudo mal e nada bem".
    Em certa medida tinha razão, é pena ver ruínas e uma coisa nova, recém-construída, logo ao lado. Mas se as ruínas tivessem sido recuperadas, com hotel e termas em pleno, talvez dissessem que era pena não se ter feito uma obra nova.
    Entretanto, falando com especialistas em análises químicas que viram e estudaram tudo o que se podia fazer, não haveria a mínima hipótese de se conseguir água pura para a zona das ruínas, nem fazendo desvios, canalizações e condutas. O excesso de bactérias nocivas era impossível de contornar e até os solos estavam perigosamente contaminados. Só a construção de novas instalações poderia resolver os problemas de contaminação de águas por bactérias e vírus fecais. As velhas termas serão reconstruídas para servir apenas de museu.
    Mais uma vez fiquei com a sensação de que guiar Mercedes e fumar charuto não são indicativos de razão nem de saber. Antes pelo contrário. E aqui fica o desenho, das ruínas e das novas construções, ou seja, do velho e do novo.

1 comentário:

nelson paciencia disse...

Gosto sempre quando os desenhos acompanham uma bela estória.