Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Desobedecer, já!

Silhuetas em dia de chuva, de quem obedeceu ontem para mandar hoje. E de quem obedece hoje, para mandar amanhã. Ou talvez não, felizmente.
Hoje, em frente ao ISCSP, na Ajuda, não resisti a pôr os 4 piscas e risquei furiosamente o meu caderno. Força, fraqueza, poder, submissão, prazer, dor, humilhar, consentir, violentar, permitir, eram algumas das palavras que fervilhavam na minha cabeça.Agora a  poeira assentou, mas não foi desta que fiz as pazes com o tema. Deixo aqui alguns  gatafunhos e uma fotografia. 
O resto está AQUI
 





17 comentários:

Maria Celeste disse...

...terrivelmente bem riscado...

Eduardo Salavisa disse...

Os teus desenhos mostram bem a humilhação. E não se pode acabar com isto?

Manuela Rosa disse...

Discordo também! Excelente reportagem feita com a tensão do momento!

Vitor Mingacho disse...

Nestes desenhos fica bem patente a contradição do argumento da "liberdade" de ser praxado...

Rita Cortês disse...

Gosto imenso! Excelentes desenhos sobre algo que eu nunca entendi bem...

Alexandra Baptista disse...

pois, é dificil fazer-se as pazes com o tema...os desenhos são dramáticos, parece de propósito!!

Pedro disse...

Desgostante!

Pedro disse...

As praxes. Não os desenhos, que são óptimos.

nelson paciencia disse...

Nunca entendi esta paranóia das praxes, o seu sentido, a necessidade e objectivo em função da construção de seres humanos melhores e mais úteis à sociedade. Eu abomino, mas respeito quem goste.

E pela primeira vez na vida, alguma coisa relacionada com praxes me pareceu positiva:
Os desenhos da Teresa Ruivo! :)

Rita Caré disse...

Lá vens tu despertar-nos! Os desenhos são geniais e profundamente esclarecedores do que se vê e do que não se vê. O que não se vê está lá e entranha-se facilmente em todos os que o permitem ao longo da vida académica. É por isso que esta decadência humana das praxes se repete uma e outra vez todos os anos e há décadas. Esta podridão habita escondida na vida do dia-a-dia universitário e prolonga-se muito além das praxes, existindo dentro das salas de aula e na investigação científica, que corrói lenta e disfarçadamente as almas.

Mudar o estado das coisas daria realmente uma trabalheira tremenda e iria contra o sistema. As praxes tornam visível o que é uma boa parte do real ambiente universitário e da investigação científica: um manto obscuro, ditaduresco, às vezes dantesco, interesseiro, incompetente, desumano... que contamina uma boa parte das mentes que por lá passam, tornando-as robots programados para deixarem de sonhar e de serem Livres.

Porque é que tanta gente aguenta isto? A paixão pelo conhecimento por si só e pela sua produção ao vivo funciona como uma droga da qual não se consegue escapar... Parece que se fica vidrado em qualquer estranha luz como as moscas em direcção às armadilhas brilhantes... Fica-se cego para tudo o resto...

Esta é uma perspectiva da realidade. Há outras mais coloridas ;-)

Pedro Alves disse...

Estes desenhos são um óptimo ensaio simbolista sobre um tema que já me pôs em furiosas discussões, por isso nem me vou esticar. Quanto ao acabar com isto, não concordo que haja esse tipo de imposições porque só lá vai quem quer... Quando foi a minha vez, assim que vi que aquilo não passava de uma palhaçada para entreter malta que se dizia de esquerda com o autoritarismo militar típico de fascista, simplesmente mandei-os passear e fui embora.

jeanne disse...

tão rápidos, tão certeiros.

Eduardo Salavisa disse...

A esquerda é contra a praxe e o Bloco de Esquerda tem um projecto para acabar com este tipo de praxe.

Pedro Alves disse...

Eduardo, daí a minha (ainda maior) indignação. Carradas, mas carradas de pessoas que praxaram e me tentaram praxar, que depois conheci melhor em contexto académico, são de esquerda... Daí as minhas discussões bem acesas, sem nunca perceber este contransenso... Nem eles sinceramente...

USkP Convidado disse...

É abominável e degredo completo. Como professor do ensino superior tenho regularmente conversas sobre o tema e tenho tentado fundamentar-me percebendo o fenómeno de forma mais abrangente. Uma conferência de Leandro Karnal explica bem este "prazer em obedecer" ou de certa forma o "nosso medo da liberdade".

está aqui o video: https://www.youtube.com/watch?v=V-ElmXSZTSc

Ja aqui há uns tempos tinha mandado uma posta sobre as praxes

http://urbansketchers-portugal.blogspot.pt/2013/12/sketchbook-therapy_11.html

-marco-

Marcelo de Deus disse...

Teresa...apenas para dizer que os desenhos, juntos com as palavras, cirurgicamente escolhidas, resultaram num magnificamente.
O desenho e o texto são soberbos.
Quanto ao resto, nem tudo é preto ou branco.

Ps. lembro-me de ontem ver um estudante dizer convictamente mais ou menos o seguinte : Isto é óptimo para descomprimir "...depois..." da época de exames!...corrigindo a seguir para "...antes...".
É assim mesmo! :-)
Concorde-se ou não com este ou outros rituais, de iniciação ou não,de submissão ou não... Pessoalmente não gosto de praxes. Odeio aliás.
Mas também não gosto das 50 sombras...tão pouco de Tunas ou de Quim Barreiros...nem do serviço militar, nem de zumba...
Sobre o prazer de obedecer, esse traço tão português, vejo-o tanto e todos os dias... dava um tratado!




Teresa Ruivo disse...

Obrigada a todos pelos comentários, pelos links e, acima de tudo por reagirem :)). Sabe bem gerar troca de impressões!