Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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terça-feira, 9 de junho de 2015

As Obras de Santa Engrácia


O Panteão ficará para sempre ligado à lenda das obras de Santa Engrácia:
A lenda referente a esta Igreja está ligada a um jovem que foi condenado à fogueira pela Inquisição a 3 de Fevereiro de 1631. Junto destas tão conhecidas obras existia o Convento de Santa Clara e diz-se que uma freira se enamorou por um jovem de seu nome Simão Pires Solis. Tão grande era o amor deles que todas as noites o rapaz vinha ter ao convento para se encontrar ás escondidas com a amada. Uma noite, o Sacrário com as hóstias foi roubado do convento e, embora estivesse inocente, Simão Solis foi denunciado pela vizinhança à Inquisição.
Simão foi condenado à fogueira sem pena nem piedade. Quando ia a caminho do seu destino e ao passar pelas obras da Igreja de Santa Engrácia disse: " Morro inocente! É tão certo eu estar inocente como é certo que aquelas obras nunca se acabem! “

Desde então ( século XVII) que as obras de Santa Engrácia se tornaram difíceis de terminar. Quando estavam quase concluídas as obras, a cúpula ruiu, dificuldades técnicas impediram o retorno das obras. Após o terramoto de 1755 tentou-se novamente a sua reconstrução mas só no século XX é que as obras se deram por terminadas fazendo-se uma cobertura metálica.
Aconselho, a todos os que puderem, visitar o Museu da Cidade de Lisboa, no Campo Grande (Palácio Pimenta) e observar a grande maqueta da cidade de Lisboa em 1755. É um trabalho notável, onde se vê o edifício do Panteão, sem a sua torre central e cúpula. Também é impressionante a quantidade de igrejas e capelas existentes antes do terramoto, espalhadas pelas 7 colinas, naquele amontoado de casario sem qualquer ordenação lógica, à excepção de alguns largos como o Terreiro do Paço e o Rossio. É assim fácil entender o trabalho da equipa liderada pelo Marquês de Pombal e,devido às duras relações do Marquês com o clero, o desaparecimento de grande parte dos edifícios religiosos que nunca mais foram recuperados ou que foram simplesmente arrasados
E claro, até 30 de Junho,não percam a exposição " Lisboa Entre Séculos" que é um forte manifesto para a dignificação dos edifícios do séc. XIX e princípios do séc. XX que estão a ser desprezados pelo estado e que constituem a base da beleza da nossa capital. Infelizmente há uma tendência para demolir prédios deixando apenas a sua fachada, perdendo-se interiores ricos, de baixos relevos, azulejos, tectos trabalhados, capitéis e painéis, onde predomina a Arte Nova e outros estilos que estão em vias de extinção. Trata-se de uma forma de alertar para os problemas através da arte, organizada pelos Urban Sketchers de Portugal e Fórum Cidadania Lx que se uniram para defesa dos nossos melhores valores patrimoniais e civis.

1 comentário:

João Santos disse...

Muito bom, representa bem a imponência do edifício!