Enquanto a máquina de lavar loiça continua a lavar loiça e a de lavar roupa a cumprir a sua função de lavar roupa, por exemplo a máquina fotográfica, a de escrever, a de computar, passaram todas para a máquina de telefonar e de "socializar"...
Dei comigo a desenhar uma máquina de escrever e a pensar no nome deste objecto ultrapassado, primeiro por outros teclados, hoje em dia por aquele gesto com o dedo com que toda a gente faz deslizar a sua informação a velocidades estonteantes no seu ecran.
Voltaram a ser importantes as polegadas; sobretudo quando se está sozinho, aborrecido e em público e se quer fingir que não se está assim tão sozinho, nem assim tão aborrecido em público.
Creio que se instalou em certas pessoas uma espécie de fobia de não ter que o fazer, ou de simplesmente contemplar.
E foi sozinho, perdido nestes pensamentos, que passei um quarto da hora de almoço num pequeno espaço dedicado à memória de outros tempos, no meu local de trabalho.
Latejava na minha cabeça o nome deste "fóssil" ! "...máquina de escrever, máquina de escrever, máquina de escrever ..."
Nunca um nome fez tanto sentido num objecto. Gosto muito do Gonçalo M Tavares e do Valter Hugo Mãe. Para mim são duas máquinas de escrever, pensei.
Não tenho problemas em parecer sozinho. Adoro desenhar.
Foi num dia, que parecia apenas mais um, que me arrisquei no Mosteiro de Tibães.
A minha vida mudou. Obrigado a essa pessoa. Quando ler isto, saberá a quem me refiro.
5 comentários:
Belo post
Bonito desenho e bonitas e acertadas palavras Marcelo. Um abraço!
Que bonito desenho!
É verdade, foi no Mosteiro de Tibães. Fantástico sítio para começar o que quer que seja. E que belo post.
Belo desenho, belas palavras, belo mosteiro e bela decisão!
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