Imaginar a casa lá fora, como libertação dos sentidos, é uma ideia que tem sido explorada, seja no cinema, seja na literatura. Em Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Joel e Clementine, respetivamente interpretados por Jim Carrey e Kate Winslet, acordam na praia, numa cama que podia ser do quarto. A imagem parece surreal. É essa procura que proponho: aproximar a nossa casa do exterior em tempos de quarentena, em que a promessa do ar livre parece cada vez mais presente.
O processo é simples. Vamos procurar os materiais de desenho que nos deixem mais confortáveis. As canetas mais espessas são ideais, soltam o traço e evitam que nos fixemos em pormenores. O mais importante é a atmosfera que queremos dar ao desenho.
A seguir, vamos desenhar um canto da casa. Pode ser um sofá e uma mesa, pode até incluir um tapete, parte do chão e o rodapé. Vale tudo, desde que nos esqueçamos que o tecto e as paredes existem.
Finalmente, vamos preencher parte do espaço vazio com um elemento do exterior. Pode a vista para a rua, ou uma paisagem abstracta: a linha do horizonte do mar, uma seara, ou aquela paisagem que gostaríamos de ter em casa.
O resultado final é pessoal, talvez intransmissível. Fizemos desenho de observação, mas o ambiente que deixámos nas folhas de papel vai parecer quase onírico. E se o desenho parecer confuso, é porque mal se distingue o espaço interior e o exterior :)