Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Viagem à Polónia #8 Auschwitz


"A presença da história judaica é sentida em muitos locais em Cracóvia. No seu extremo mais sombrio em Oświęcim, conhecida pelo seu nome alemão Auschwitz, e na sua extensão, Birkenau. Razões para visitar os antigos campos de concentração são provavelmente muitas, e muitas serão também as razões para não os visitar. Mas só depois da visita se torna claro o motivo para visitar. É um salto de fé para compreender a experiência humana na Terra."


A viagem de 2 horas de comboio até Oświęcim pareceu, pelo menos durante alguns minutos, parte da experiência de visitar os campos de concentração. O comboio enche até não poder mais na estação central de Cracóvia e fica-se a pensar se todas aquelas pessoas estão encaminhadas para visitar os campos! Só após duas paragens, quando quase toda a gente sai no Business Park de Cracóvia é que a ilusão é quebrada. Depois disso, uma segunda ilusão começa a assomar-se: a paisagem invernal desolada do sul da Polónia. Pode quase sentir-se que a lúgubre história se espalhou por estes campos.

A estação de comboios é a 15 minutos a pé dos campos, bom para descontrair um pouco em preparação do que está para vir. O que se encontra na visita aos campos é um imenso conflicto de palavras e emoções. Palavras como eficiência, morte, sistema, caos, poderiam ser usadas na mesma frase para descrever aquilo que nos rodeia. A ordem das coisas fica baralhada nas nossas mentes ao encarar-se a industrialização da morte. A matemática da carnificina. A ciência do assassinato.


Um cheiro a carvão percorre o ar no caminho de regresso de Birkenau até à estação. É a razão pela qual os campos foram construidos nesta região. É rica em combustível fóssil, e é necessária mão-de-obra para extrai-lo e processá-lo. A mesma mão-de-obra que habitava e morria nestes campos.

10 comentários:

Miú disse...

Brrrrr! Calafrio!

Mas um belo texto, Pedro.

Eduardo Salavisa disse...

Obrigado pela continuada divulgação do livro. Que ficou bastante enriquecido com a tua contribuição.

Fátima Santos disse...

belíssimo este texto, Pedro! de que livro fala ao Salavisa?

Fátima Santos disse...

já vi o livro, Pedro

Manuela Rosa disse...

Já ouvi outros relatos de visita a Auschwitz. Aprendemos na escola que existe esse lugar mas fica a sensação da impossibilidade, de ser uma fantasia, que não haveria humanos capazes de infligir tal maldade...
Obrigada pela partilha e por mais estes magníficos desenhos que traduzem os sentimentos contraditórios.

nelson paciencia disse...

Estupendo post!

Alexandra Baptista disse...

obrigada, é excelente!

Rodrigo Briote disse...

Este desenho do acesso a Birkenau está incrível

Rosário disse...

Bela reportagem!

Pedro Loureiro disse...

Muito obrigado a todos :)