Dezenas de eventos culturais e políticos decorrem simultaneamente na Festa do Avante. Não há maneira possível de estar em todos ao mesmo tempo. Ou planeamos obsessivamente o dia e cumprimos com rigor os horários, ou nos deixamos levar pelo sol da tarde e pela brisa da noite. Tendo a comportar-me de acordo com o último.
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John Ruskin, intelectual inglês do século XIX
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domingo, 6 de setembro de 2015
Sábado vermelho
(artigo anterior)
Dezenas de eventos culturais e políticos decorrem simultaneamente na Festa do Avante. Não há maneira possível de estar em todos ao mesmo tempo. Ou planeamos obsessivamente o dia e cumprimos com rigor os horários, ou nos deixamos levar pelo sol da tarde e pela brisa da noite. Tendo a comportar-me de acordo com o último.
Uma peça de teatro no AvanTeatro era tudo o que tinha planeado para o princípio deste sábado. O resto do dia foi passado explorando os diferentes ambientes que existem na Festa. O stand do Partido Comunista Espanhol oferece bons mojitos e fartas tortillas. No Café Concerto havia alguns amigos com quem passar um tempo. Na secção do Alentejo, havia rojões com pão e cerveja fresca, junto a um grupo de anciãos que se agruparam e espontaneamente começaram o já UNESCado Cante Alentejano.
No centro de exposições da Festa, um velhote de Grândola mostrava aos transeuntes como ele imprimia panfletos de propaganda durante a ditadura. Usava uma simples prensa sobre papel de arroz e tipos de chumbo. O papel era de arroz para poder ser mais facilmente engolido e digerido se os agentes da propaganda estivessem a ser perseguidos pela PIDE. Raul - o velho impressor - entusiasmado pela pequena plateia que atraiu, rodou histórias de como esteve preso nos anos 50 e como se sentia humilde porque outros camaradas estiveram presos muito mais tempo; e de como ele e a sua companheira imprimiam panfletos juntos, o que atribuiu à sua companheira sérios problemas de saúde causados provavelmente pelo chumbo da tinta; de como o partido ainda o suporta com uma mensalidade compensatória pelo seu contributo. Depois, por cinco minutos - quando o potencial candidato Marcelo lá parou, seguido de uma equipa de reportagem - o Raul esteve na TV, explicando o processo de impressão ao potencial candidato e aos telespectadores. Quando o potencial candidato se despediu, também se foram todos os outros, e o Raul foi deixado contando histórias à sua pequena plateia.
A noite já tinha caido quando, aquecidos por um copo de moscatel, nos sentámos na relva já não tão fresca em frente ao palco principal, onde uma senhora toda funky cantava os bofes todos cá p'ra fora. Ouvimos, gostámos e curtimos até chegar o concerto seguinte, um velho clássico, sempre bom de ouvir - o Fausto - que canta os lados mais estranhos e negros da expansão Portuguesa.
Dezenas de eventos culturais e políticos decorrem simultaneamente na Festa do Avante. Não há maneira possível de estar em todos ao mesmo tempo. Ou planeamos obsessivamente o dia e cumprimos com rigor os horários, ou nos deixamos levar pelo sol da tarde e pela brisa da noite. Tendo a comportar-me de acordo com o último.
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10 comentários:
Gosto muito de todos os desenhos, mas o meu favorito é o camarada Raul. Está delicioso.
<muito bons, bela reportagem!!!
Muito BOM!
Fantástico!
Fico com pena de não ter lá ido.
...que desenhos tão bons...
Espectaculares!
belo post, mais um
gosto. muito. bela reportagem
Que giros! Já posso dizer que fui à festa do Avante!
Muito obrigado a todos! :)
Nelson: O camarada Raul foi uma parte tocante da Festa. Falava das coisas de uma forma muito emotiva e parecia que podia contar histórias todo o dia sem se cansar :)
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