Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Chile: As casas de Pablo Neruda

O Chile é um país de escritores. Quem conhece Pablo Neruda, Gabriela Mistral ou Nicanor Parra não tem dúvidas sobre isso. O que é menos conhecido é que existe um elo inesperado entre o Chile e Portugal, precisamente através desses escritores e do editor que publicou os seus primeiros trabalhos, um português chamado Carlos Nascimento. Quando nasceu na ilha do Corvo e decidiu embarcar num num navio baleeiro a caminho dos Estados Unidos, nada faria esperar que este jovem imigrante português, que chegou a Santiago no início do século XX, viesse a publicar os maiores escritores do país. Foi essa história fascinante que Felipe Reyes, um jornalista chileno, publicou recentemente e na qual conta como, em 1924, Nascimento decidiu publicar e promover o primeiro livro do jovem Pablo Neruda, então com 21 anos. Estreou também recentemente um filme sobre esta vida singular.

Chile vive (hoje) muito bem com os seus escritores. Os herdeiros de Pablo Neruda criaram a Fundação Neruda, que transformou as três principais casas do escritor em pontos de paragem obrigatória, muito bem cuidadas e com excelentes audio-guias para os visitantes. A primeira paragem é "La Chascona", a casa de Neruda em Santiago, construída para viver com a sua terceira mulher, Matilde Urrutia, cujo cabelo rebelde que lhe mereceu a alcunha terna de "A Despenteada", em espanhol, "La Chascona"...


A segunda casa, a que gostei mais, fica em Isla Negra, banhada pelo Oceano Pacífico, na costa ocidental do Chile, a 96km de Santiago e 45km a sul de Valparaíso. É um espaço fascinante, no qual Neruda parece ainda habitar. O mar está presente em tudo, até na mais singular das colecções do escritor: figuras de proa, esculturas em madeira que habitaram em tempos a proa de navios há muito esquecidos.


Concluímos este percurso pelas casas de Neruda em Valparaíso, onde o escritor tinha a sua "La Sebastiana". Não tem o charme único das outras duas, mas não deixa de valer a pena passar por lá e ver como o labirinto urbano de Valparaíso se estende aos pés da casa de Don Pablo. No interior não são permitidas fotografias, mas os vigilantes não pareceram ter nada contra quando eu desenhei o quarto panorâmico do escritor.

7 comentários:

Manuela Rosa disse...

Que viagem... e que desenhos!

Pedro disse...

Uma viagem que faz inveja... mas afinal não. Também viajamos com estes desenhos.

hfm disse...

Magnífico.

Ana Jacome disse...

Muito interessante...deve ter sido a viagem e que bonitos os desenhos..parabens

Filipe Pinto disse...

Uma excelente reportagem. Parabéns.

Maria Celeste disse...

...foi bom desenhares o quarto que não se podia fotografar...
...e que ampla e maravilhosa vista tinha Dom Pablo...

Rui Grilo disse...

Dom Pablo gostava muito de acordar com magníficas vistas! Na casa de Isla Negra a cama está orientada para o sol nascer na cabeceira e se por aos pés da cama sobre o mar.