Rua
de Santa Catarina, no Porto, na manhã do 4º Encontro dos USKP
Norte.
Começou
por ser um desenho muito exigente para mim por ter muitos pormenores
de arquitectura a integrar na perspectiva. Optei pela simplicidade de
representação desses elementos e com alguma concentração vi como
poderiam ser tornados mais leves... ao andarmos na rua também não
estamos a ver tudo em detalhe, o olhar cria referências
simplificadas do que vê à passagem pelas coisas. A simplificação
é muito mais próxima da nossa visão dinâmica do mundo.
![]() |
Desenho a canetas japonesas em diário gráfico. |
Ao
desenhar as pessoas senti como era importante representar o seu
movimento para ilustrar toda aquela vida de uma animada rua de
cidade, e fiz com que, mais do que a densidade da presença física,
fosse o movimento a traduzir como as pessoas preenchiam o espaço da
rua. Deliciei-me com o movimento constante em várias direcções e
as várias distâncias a que se encontravam.
Ao
desenhar algumas pessoas estas apresentavam-se ao meu olhar de uma
forma bastante cómica... as que do
lado esquerdo vinham a
meio da rua caminhando na minha direcção apareciam debaixo do braço
esquerdo do personagem que
está em primeiro plano (que era o Tiago Cruz) como se fossem
pequenos personagens de uma história encantada, que existiam tendo
aquele tamanho! Claro que a ilusão durava um breve momento, mas
registei-a como algo interessante. Isto acontece porque nos momentos
em que se olha centrado apenas em captar a relação de tamanho e
posição entre os vários elementos, o olhar faz uma leitura em que
coloca tudo como se estivesse no mesmo plano, independentemente da
distância a que se encontra.
Acho
realmente fascinante o que se passa entre os nossos olhos e o nosso
cérebro, como traduzimos o que vemos construindo a nossa própria
noção de real!
É
também curioso como entramos num silêncio só nosso quando
desenhamos no meio do movimento da cidade. Estar em grupo ajuda a
proteger esse espaço de silêncio.
Aqui, o desenho já depois de lhe ter dado mais contraste no primeiro plano, o que me parece que melhorou um pouco a profundidade da rua... Ainda continuei a dar mais contraste mas como isso fez perder a frescura dos personagens em segundo plano, que vive do branco do papel, fixei este como um ponto do estudo em que a relação entre as partes ainda está equilibrada de acordo com o que eu quis transmitir.
Aqui, o desenho já depois de lhe ter dado mais contraste no primeiro plano, o que me parece que melhorou um pouco a profundidade da rua... Ainda continuei a dar mais contraste mas como isso fez perder a frescura dos personagens em segundo plano, que vive do branco do papel, fixei este como um ponto do estudo em que a relação entre as partes ainda está equilibrada de acordo com o que eu quis transmitir.
2 comentários:
Fantástico! O sketch por si já justificava como acertada a escolha pela simplicidade da representação, mas também adorei o texto, que sem dúvida acaba por enriquecer ainda mais o sketch. Parabéns, excelente!
João Santos
Muito interessante a forma com analisas o desenho e o processo, justifica tudo!
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