Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quarta-feira, 19 de março de 2014

Proibido de desenhar

Fui a Sintra visitar o Museu Anjos Teixeira, grande escultor português. Estava a desenhar quando sou interpelado pela Dona Eulália que autoritáriamente diz: "Não pode desenhar sem autorização". Como não lhe liguei nenhuma colocou-se à minha frente Protegendo a peça. Perante isto pedi para falar com a pessoa responsável pelo museu. A Responsável defendeu a funcionária. Insistiu que para desenhar tinha de pedir uma autorização por escrito. Era a lei. Pedi para ver a lei. Num dos artigos do regulamento do Museu estava escrito que não se podia representar as obras expostas no museu. Insisti que não estava a copiar as obras mas sim a interpretá-las e aprender com elas. Afinal não é para isso que serve o museu, para fruir as suas peças e aprender com elas?! Como as senhora foi inflexível pedi o livro de reclamações para expor a minha indignação. Não deixa de ser caricato ter sido impedido de desenhar num lugar que homenageia alguém que passou a vida a desenhar. Também podia refletir este acontecimento de forma mais egocêntrica: Estou a ficar tão bom que consigo reproduzir as obras do artista. Brincadeiras à parte tenho a certeza de uma coisa: NÃO PEÇO AUTORIZAÇÃO PARA DESENHAR!!!!

13 comentários:

Mário Linhares disse...

Histórias destas estão sempre muito intrigantes...

Infelizmente também já me aconteceu noutros lugares. O Mário Bismark também fala disso sobre uns desenhos que fez das pirâmides do Egipto. Acho que tudo isto só mostra como o desenho tem um poder de registo e análise muito superior a qualquer outra técnica.

Há que continuar e valorizar o que fazemos. De outra forma não estaríamos aqui a falar do Museu Anjos Teixeira, que vale a pena!

António Procópio disse...

Concordo Mário. O desenho é de facto poderoso e às vezes acontecem reações destas. Cabe-nos a nós continuar a desenhar e contribuir para a mudança de mentalidades.

Cesar disse...

E se marcássemos todos uma visita e fossemos cada um a desenhar em salas diferentes ao mesmo tempo?
António, os desenhos que fizeste estão muito bons, pena não terem deixado fazer mais.

nelson paciencia disse...

César, que belíssima ideia! Só polícia de choque e bastões nos poderiam demover...

António Procópio disse...

Acho que podemos pensar num encontro informal e fazer um desenho rápido e sair. Aproveitamos e continuamos a desenhar a bela cidade de Sintra.

Nuno Matos Silva disse...

O que intrigou o Mário Bismark quando no Egipto também o proibiram de desenhar foi que deixavam fotografar e filmar, só não deixavam desenhar.
Podemos reagir à parvoíce dos regulamentos mas aconchega-nos o ego tomarmos consciência do desconcertante, do poder de sedução e inquietação que pode haver num despretensioso desenho num caderno.

Maria Celeste disse...

...aconteceu-me também em setembro 2013 em Bruxelas no museu Magrite...
...como não estava lá a D.Eulália, desobedeci discretamente...

Luis Gabriel Marques disse...

António adorei este teu post. Nunca me aconteceu impedirem-me de desenhar. Concordo com o César e com o Nelson, vamos combinar um encontro num museu :) . Abraço

Dina Domingues disse...

interessante, sabe que há dias tive essa dúvida enquanto andava pelo Museu de Arte Antiga? Pensei "porque não se encontram aqui artistas a desenhar e a pintar os quadros como se vê no Louvre ou no Prado?" . Desconfio que também não pediram autorização e como tal nem me atrevi a tirar o caderno da mala

António Procópio disse...

Olá a todos estou a pensar organizar um evento no museu Anjos Teixiera. "À volta das esculturas" será o nome do evento e o objetivo é desenhar os espaços negativos das mesmas "salvaguardado-as de qualquer representação. Alinham

Eduardo Salavisa disse...

Uma vez uma directora de um museu explicou-me porque não deixavam desenhar sem autorização. O problema não é o desenho em si, mas o que se faz com ele. Querem saber o que se publica/edita sobre as peças do museu. No teu caso, nós sabemos, não faz sentido, claro.

Rita disse...

Aproveito para partilhar também aqui a minha indignação sobre esta e outras situações semelhantes que se vão repetindo
e informar que este tema está a ser debatido por aqui:
Acesso à Cultura
https://www.facebook.com/AcessoCultura
Rede de Colaboradores de Serviços Educativos
https://www.facebook.com/groups/redecse/

Luís Ançã disse...

Aqui fica também a minha manifestação de indignação.