Fomos com a Isa Silva até ao Miradouro da Graça, pelo caminho passámos pela Vila Berta. «A Vila destinada a habitação operária, construída na primeira década do século XX, entre 1902 e 1908, traduz um dos mais completos e interessantes exemplares do seu género e época, que subsiste em Lisboa, encontrando-se classificada como Imóvel de Interesse Público». Tive algum azar com os desenhos que fiz, a chuva encarregou-se de os finalizar.
«Organizada em duas bandas de edifícios voltados para uma rua interior, desenvolve-se em duas tipologias distintas: de um dos lados encontramos habitações, de maiores dimensões, com três pisos, separadas por zonas ajardinadas (...). Traduzindo uma arquitetura eclética, este núcleo habitacional operário alia apontamentos Arte Nova, como por exemplo o friso de azulejos onde pode ler-se o nome da Vila - "Villa Bertha" -, com o uso do ferro forjado de linhas ondulantes no gradeamento das varandas.»
O bairro «está muito diferente do que era» dizia a D. Áurea que veio à janela saber o motivo da tanta agitação. «Está tudo muito diferente, já não vive cá ninguem, só resto eu e mais uma ou outra pessoa da minha idade. As pessoas querem alugar as casas, é o turismo». Tentei que conversasse mais um pouco, estava a desenhá-la, mas foi fugaz e retraiu-se ao ver tanta gente ali a espreitar. Quando lhe explicámos o que fazíamos ficou ansiosa e reculheu-se dizendo: «sou uma pessoa sozinha... não sei nada disso, adeus, adeus.»
4 comentários:
A Vila Berta é muito inspiradora, mas muito desafiante para desenhar! ;)
Acho que o tempo não nos deixou explorar... o sítio é “infinito”.
E eu, que sou de Lisboa, nunca lá fui.
Vale a pena Pedro.
Enviar um comentário