"hmmm não está nada parecido..."

Acho que uma das razões porque deixamos de desenhar, ainda em crianças, tem relação com a altura em que ganhamos noção da opinião dos outros e quando esta afecta a opinião que temos de nós próprios e daquilo que fazemos. Os distintos graus de intensidade com que isso afecta cada um ou não, a transversalidade desta questão a muitas outras situações da nossa vida e os motivos psicológicos porque isso acontece não são para este post.

Apenas falo disto porque normalmente a opinião dos outros, no que concerne ao desenho / pintura, sobretudo à medida que a criança cresce e já não basta simplesmente rabiscar qualquer coisa para todos se babarem em elogios, passa muito pela dicotomia "está parecido" Vs. "não está parecido", o que normalmente traz consigo e transmite a mensagem "está bom" Vs. "não está bom". Então aí vai-se o gozo infantil do desenho, a liberdade e, pouco a pouco, pura e simplesmente deixamos de o fazer. Normalmente, ou pela minha experiência, são sobretudo aqueles que pouco interesse ou conhecimento têm pelo desenho ou pela pintura que assentam a sua avaliação neste critério. Há tantas outras coisas que aprecio quando olho para um desenho ou uma pintura e, pessoalmente, o foto realismo atrai-me muito pouco.

Assim, dá-me uma liberdade e um gozo do caraças quando tento (porque na verdade tenho de me esforçar) não me preocupar minimamente com essa questão da semelhança ou não do desenho com o objecto ou a pessoa retratada.

Aqui fica uma Nini, muito pouco parecida com a real, mas que me deu muito gozo fazer.