Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O Técnico, eu e o Pikachu...

No domingo tive que ir ao Instituto Superior Técnico.
Senti qualquer coisa estranha no ar.
Dezenas de jovens - alguns já não tão jovens assim, diria que entre os 20 e os 30  anos -  e, uns mais outros menos excêntricos, andavam de um lado para o outro com  telemóveis na mão, a olhar para todo o lado e a deambular, num modo alheado, que sem saber bem porquê me remeteu para meu estágio, em tempos idos, no Hospital Miguel Bombarda.
Depois, sentavam-se nas escadarias do Técnico e continuavam absortos no seu ecrã, por tempo indeterminado. Acresce que estavam 35 graus, mas nem isso parecia perturbá-los.

 "Serão génios informáticos, oriundos deste arauto do conhecimento, a fazer algum trabalho de investigação?", pensei eu... "Serão talentosos estudantes a trabalhar nalgum estranho e surpreendente engenho"?
Mas não, não eram!  Era uma convenção de jovens, sim, mas destinada a ... apanhar Pokémons virtuais!

 Se não me engano, estes bonecos apareceram em 1995. Fizeram as delícias da infância dos  meus três filhos e de milhares de crianças da mesma geração,  talvez entre os 4  e os 9 ou 10 anos de idade. Havia, entre muitas outras coisas, cartas, cromos, cadernetas, bonecos, peluches, filmes e desenhos animados. Coisas de crianças.
E agora, o que fazem estes adultos? Qual o universo em que se movem? Em que corrente ideológica ou filosófica se inscrevem? 
E eu? Porque me sinto do Paleozóico quando olho para eles? E, pior do que isso, porque me preocupo?

14 comentários:

Rita disse...

ahahahhah
Lindos rabiscos Teresa!
Está tudo doido, a andar pelas ruas, de telemóvel apontado para o ar, a caçar estes bichos que afinal não estão lá...

Dina disse...

Eu lembro-me desse tempo, mas lembro-me da versão "adulto viciado" e não das crianças. Elas gostavam dos "bonequinhos e tal", mas os irmãos mais velhos e os pais , esses sim gostavam à séria dos pokemons. Só se evoluiram os "bonecos" porque tenho a certeza que quem vai viciar vão ser outra vez os adultos.
E o desenho está o máximo

abnose disse...

Muito bom!

cláudia mestre disse...

Muito bem apanhados! Vi hoje na rua pela primeira vez uns "apanhadores" de Pokémons... Que estranho...

Maria Celeste disse...

....acabou-me de dizer a minha neta que se trata de um jogo que é famoso em todo o mundo e que apesar de ser um jogo electronico obriga as pessoas a sairem de casa e a caminhar.caminhar para a 'coisa ' funcionar...

...um facto interessante é que este jogo tem contribuido para que muitos jovens,grudados ao computador, que nao faziam exercicio passaram a faze-lo. ..
...e o motivo é um imaginário da sua infancia (anos 80)...!!!

Marcelo de Deus disse...

Se bem percebo, esta malta gosta de ir aos sítios caçar coisas invisíveis.
Não estarão eles nos antípodas de quem gosta de ir para os sítios caçar coisas visíveis (USK)? Em caso afirmativo, só temos duas alternativas:
1- Marcamos um duelo com eles.
2- Esperamos que lhes passe.

Suzana disse...

Ahah :D fantástico!

Pedro Loureiro disse...

No meu tempo caçavamos gambozinos! ;P
Grande reportagem Teresa!

nelson paciencia disse...

Que tonteria e que delicioso post!

Mário Linhares disse...

Também os caçaste!! :)

L.Frasco disse...

Muita bem apanhado, Teresa!
Eu ainda ando atordoado com isto. Tão recente e tão viral já!
Até eu tenho pokemons no meu sofá e na minha varanda. Vá lá que a minha filha os apanhou!

Fernanda Lamelas disse...

A prova de que tudo pode ser (e bem) desenhável!

Cat disse...

O evento que menciona foi apenas mais um dos eventos que se associaram este fim de semana no técnico! Pois no pavilhão central do IST estava a realizar-se o Sci-Fi Lx, a conferência Nacional de Ficção Cientifica, que junta diversas temáticas como a Física, a Robótica, a Gastronomia Molecular, a Moda, a Cosmética, o Cinema, a Literatura, a Psicologia, a Programação, os Vídeo Jogos, a impressão 3D, a Banda Desenhada, a Arte, os Jogos de Tabuleiro e muitos outros temas do imaginário e do real, da cultura e da ciência.
Não digo que não seja peculiar ver mestres, engenheiros e doutores juntamente com crianças a caçar Pokémon com os seus smartphones, sei que não é uma ideia tão apelativa ao mundo Muggle, como um tabuleiro de xadrez ou um ciclo de cinema francês. Mas há que dar largas à imaginação e admirar as massas que a tecnologia move nos dias de hoje! 

Teresa Ruivo disse...

É verdade Cat! Não era minha intenção fazer uma crítica destrutiva, mas sim chamar a atenção para um fenómeno cuja força viral, alargada a todo o globo, escapa à compreensão de alguém da minha geração:)
Deixo aqui um link que prova o que digo e que acho extraordinário:

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=myDeVug1XVk