Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Chile: De Viña del Mar a Zapallhar

A Oeste de Santiago, a cerca de duas horas de viagem, estende-se a costa da região de Valparaíso. São perto de 200 quilómetros de costa, banhados pelas águas do Oceano Pacífico, normalmente frias por causa da Corrente de Humboldt. Ainda assim, este é o primeiro destino de férias ou fim-de-semana para os muitos habitantes da região de Santiago e a cidade de Valparaíso é, por direito próprio, a segunda cidade do país.

A nossa primeira incursão a esta costa começou pela casa de Pablo Neruda em Isla Negra e terminou em Valparaíso. Pelo meio, parámos para almoçar em Viña del Mar, uma cidade colada a Valparaíso e contrasta pelo ordenamento urbano quando comparada com o caos urbanístico das encostas da localidade vizinha.


Uns dias depois, para aproveitarmos o fim-de-semana, seguimos até Zapallar, mais a norte mas ainda dentro da mesma região, um destino turístico com casas muito bem integradas na paisagem em torno de uma magnífica baía com uma água a uma temperatura surpreendentemente agradável. No intervalo de uns mergulhos, nada como desenhar sentado na areia...


Depois de termos visto muitas  gaivotas, pelicanos e gatos junto ao fantástico restaurante El Chiringuito,  fiquei muito surpreendido quando a minha filha me veio dizer que tinha visto um golfinho. Seria, tão perto da costa? Fiquei a olhar para o mar e era verdade. Lá estava o golfinho a vir à superficie regularmente, entre os barcos estacionados na baia. E aparecia mesmo a tempo de entrar no meu desenho...


E assim termina esta série de 18 desenhos repartidos em seis posts. Foi uma viagem fascinante. Ficou muito por ver (Patagónia, Atacama, Ilha da Páscoa...) mas ficam para uma próxima oportunidade.

Uma breve nota técnica sobre os materiais que usei. Fiz os desenhos num caderno Venezia da Fabriano, com folhas de 200gr. O papel é muito bom mas a encadernação revelou-se frágil... Comecei todos os desenhos a lápis (mina de 2mm, 2B) e fixei as linhas com uma velha Parker 51 com tinta Platinum Carbon, que resiste à água. Para pintar, levei uma caixa Aqua-mini da Sennelier, adaptada por mim para levar 12 cores - 8 cores intensas (amarelo PY153, laranja PO73, vermelho PR254, rosa PV19, azuis PB29, PB15:6, PB28 e verde PG36) e 4 cores terra (terra sienna e terra úmbria, naturais e queimadas). Em vez de levar uma cor neutra, preferi ir misturando os cinzentos com azul ultramarino e sienna queimada. Ficam mais transparentes e posso torná-los mais frios ou quentes para cada desenho. O pincel de água é um Sakura Koi, que prefiro, apesar de levar pouca água. E pronto, é tudo!

11 comentários:

Pedro Alves disse...

A tua evolução no desenho é notável nesta fantástica viagem, muito bons desenhos. Agora permite-me um conselho para evoluíres ainda mais rápido... Se realmente queres desenhar sempre com caneta, deita o lápis fora ;) eh eh

Maria Celeste disse...

...foi uma partilha maravilhosa e gostei muito da detalhada nota técnica...
...penso que o uso inicial do lápis dá um conforto muito saudável especialmente em viagem...

Rui Grilo disse...

Pedro, tem graça porque ainda na quarta-feira o Mário Linhares me disse o mesmo... :) Mas a Maria Celeste tem razão, se não tivesse feito o desenho primeiro a lápis, sem grande preocupação, tinha perdido uma boa parte destes desenhos. Mas pode ser que com a prática... ;)

Pedro Alves disse...

Eu compreendo que o lápis dê aquele conforto. Eu próprio o uso mas apenas para fins profissionais. O diário gráfico é o sítio certo para experiências, tentativas e para erros... muitos erros. Acho que se é para usar o lápis, o esquisso devia ficar a lápis. Mas se o objectivo é passar a caneta, então começa a praticar directamente. Verás que em pouco tempo te sentirás mais seguro ;) Mas é a minha opinião, vale o que vale, no fim de contas, somos livres. ;)

Rui Grilo disse...

Já experimetei desenhar directamente a caneta algumas vezes. Vou ver se o consigo fazer mais vezes. :)

Suzana disse...

Gostei muito de ver todo este processo, muito bom. Comprei um destes caderninhos que ainda está por estrear, vamos ver com se aguenta! Concordo com o Pedro, desenhar diretamente com a caneta liberta e noto que o traço fica bem mais expressivo!

J.Espadaneira disse...

Rui Grilo... lembro-me bem deste nome aqui por Évora certo?
Bela reportagem!
Com lápis, caneta ou de olhos fechados o que importa é o gozo que nos dá.

Rui Grilo disse...

Certíssimo Joaquim. Onde é que nos cruzámos, foi na Rádio Jovem?

J.Espadaneira disse...

Uns bons anos como colegas na Alliance Française...

Rui Grilo disse...

Pois claro!!! :D Fico muito contente por te reencontrar por aqui!

Rita disse...

Obrigada por toda esta partilha Rui! Fantástico!
Penso que o uso do lápis é muito importante nos momentos em que nos sentirmos demasiado desconfortáveis. Para mim é tão importante estar na zona de conforto como obrigar-me a não estar. Usar caneta e pintar em casa pode ser muito giro, porque revivemos o desenho e usufruimos dele de outra forma. Cada momento é diferente. O que importa mesmo é o divertimento que esta actividade traz para as nossas vidas! :)