Um regresso ao passado (literalmente)

 Estava eu a fazer backups e a vasculhar o meu PC e dou de caras com estes desenhos que remontam ao tempo da faculdade, mais propriamente à cadeira de Reabilitação, em que o tema escolhido pelo meu (fantástico) grupo foram as aldeias do Xisto da Serra da Lousã, mais propriamente esta que surge no desenho. Senhoras e Senhores, eis o Talasnal, como era nos meus olhos em Outubro de 2005. Uma típica aldeia de Xisto que se desenvolve em socalcos, numa escadaria que alterna entre o verde dos campos e o escuro da pedra do casario e dos muros de contenção. Foi a primeira vez que tive contacto com algo deste género. Nem queria acreditar no que via... 

   

À medida que nos aproximávamos da aldeia, a sede de descoberta aumentava e por muitas ruas (sem quaisquer hipóteses de ter carros), ruelas, becos que percorrêssemos a intensidade aumentava. É um lugar mágico que nos conquistou num micro-segundo! Na foto podem ver o ambiente que contrastava entre a desolação da desertificação (apenas 3 habitantes na altura) e a explosão da Natureza que invadia construções há muito abandonadas. O gajo ali sentado sou eu, 10 anos mais novo e com 20 Kg a menos, a desenhar o que está do lado direito, numa altura onde os diários gráficos eram resmas de folhas brancas numa pasta rigida. Não nos podíamos dar ao luxo de ter cadernos que dificultam a digitalização. Era apenas a verdade nua e crua do traço de uma caneta... 

 No desenho da esquerda, a casa abrigo de caminhantes que foi a nossa estadia na 2ª visita ao local em Novembro. Lembro-me que tive de faltar ao aniversário da minha namorada (que agora é minha mulher ;) porque o trabalho assim o exigiu. Recordo que durante a noite não tínhamos qualquer noção das horas, porque sem luz eléctrica nas ruas e sem relógios, as 20h faziam lembrar as 02h da manhã. Fui para a janela, fiz uma chamada telefónica para ela, que estava em plena festa com os amigos, enquanto via um veado a comer as couves 2 m abaixo, iluminado pela única luz que havia, a da Lua. 

Simplesmente fantástico...

Aproveito para agradecer ao meu fantástico grupo de trabalho, Ivan, Carlos, Carina e Júlio, o melhor que aquela faculdade já viu (até porque os vou obrigar a ler isto :), à nossa prof. Ana Pinho, a todos os que bem nos receberam no Talasnal e a vós que tiveram a paciência de ler isto e assim guardarem nas vossas memórias, uma das mais marcantes etapas da minha vida.