Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

terça-feira, 24 de março de 2015

Digital, Manual? ...ou ambos?


Tenho andado num periodo de trabalho onde voltei ao tipo de produção gráfica que mais gosto de fazer, a conjugação das ferramentas digitais com o desenho tradicional à mão livre e achei por bem fazer um intervalo para lançar este tópico (se bem que adorava ver uma discussão sobre o assunto). Durante muito tempo fui apologista que o grafismo produzido por computadores era uma maldição que roubava espaço à "verdadeira" arte, aquela que era produzida exclusivamente à mão. Tudo mudou quando comecei a precisar do computador para produzir os meus "produtos". Lentamente fui abandonando a ideia que os desenhos digitais e manuais deviam competir e a constatar que podem muito bem co-existir de forma saudável.


 Comecei a adorar a transformação de um esquisso rápido (vá, de 30 minutos...) em posters com acabamento digital que quase conseguem fazer uma aproximação fotográfica ao desenho. O desafio de conjugar linguagens tão distintas e conseguir uma harmonia sem haver perdas de identidades é o que realmente me fascina e me "move". Já ouvi (e li) opiniões de agrado e desagrado. Para os mais puristas, isto pode ser uma abominação... Mas no fundo, para que haja evolução neste campo, o exercício é o mesmo de sempre: desenhar, desenhar, pesquisar e desenhar.

Nota: todos os desenhos deste post foram feitos in situ, como mandam as regras ;)

15 comentários:

Teresa Ruivo disse...

Fantástico! Muitos parabéns! Não consigo deixar de olhar para o primeiro desenho...É lindo!

Ana Crispim disse...

Sim, podem muito bem co-existir. Estão excelentes, os trabalhos

Manuela Rosa disse...

Fascinante, esta combinação.

Eduardo Salavisa disse...

Gosto deste debate. Os desenhos, especialmente o de cima, estão fantásticos. A discussão entre a técnica e o “fazer à mão” já tem, podemos dizer, séculos. Penso que todas as ferramentas são úteis para se atingir um fim. E , neste caso, o fim era um cartaz e um bom desenho. Quanto a mim desenhar no diário gráfico, como suporte, é outra coisa. É a experiência de o fazer e o resultado é secundário. Depois publicar no blog já é outra história.

Pedro Alves disse...

Antes de mais, obrigado a todos ;) O diário gráfico é o meu laboratório, onde o que realmente importa é a viagem e não tanto o destino, como Eduardo mencionou. Mais de metade dos meus desenhos são "gatafunhos" que me auxiliam na produção gráfica, cujo resultado é muitas vezes, o deste post. Certo é que graças a esta pratica diária de "arte tradicional", acho a produção de "arte digital" cada vez mais fácil ;)

Suzana disse...

Estão fantásticos, com ou sem produção digital, ganham identidades diferentes que com certeza o fim o exige. Durante muito tempo também fui bastante purista quanto aos processos de desenho mas tb me tenho rendido e de acordo com a finalidade é mesmo a melhor opção. Para mim esta conjugação é fantástica e o primeiro desenho é excelente nessa união! Parabéns

Pedro Loureiro disse...

Aqui vai mais uma opinião... de agrado! De muito agrado!
Abraço

Angela Piedade disse...

Olá Pedro Alves. Gosto principalmente dos trabalhos que tem apresentado neste blog feitos à mão livre. Os de tratamento digital são graficamente espectaculares, mas fica-me sempre a sensação de que são feitos por máquinas, acho que há algo da dimensão humana que se perde. Mas claro, isto é só uma opinião e continue a deleitar-nos com os seus trabalhos.

Henrique Vogado disse...

Os 2 métodos complemetam-se muito bem. O digital apresenta resultados excelentes e o diário-gráfico fica na intimidade, da emoção do momento, podendo o resultado ficar assim ou ser transformado para o "público".
Os desenhos estão mesmo muito bons.

António Procópio disse...

Olá eu vejo o digital como ferramenta. Há pessoas que desenham "in sitio" no tablet por exemplo. Assim pode mudar o suporte, os médios mas o mais importante é que se mantenham os pressupostos do desenho. E na minha opinião eles continuam a existir nos teus desenhos.

António Procópio disse...

Acrescento que era interessante publicares aqui no blogue estes desenhos na versão diário gráfico que no fundo são a base deste resultado.

hfm disse...

Gosto muito destes desenhos e da junção das duas técnicas. As experiências fazem crescer e são um desafio muito motivante. Contudo, continuo a preferir o simples desenho pela expressividade e pela depuração que, tantas vezes, exige.

matilde disse...

Gosto dos desenhos. Eu p.ex.quando uso o tablet para diário gráfico, faço os desenhos como no caderno, porque me parece que é o pretendido neste blog. Mas para uso próprio gosto muito de os modificar com as ferramentas disponiveis.

Maria Celeste disse...

...penso que há verdade nas duas técnicas e se complementam lindamente...

Pedro Alves disse...

Muito obrigado uma vez mais a todos os que participaram nesta discussão e a tornaram numa espécie de mini-forum. Fantástico! Este post foi meramente para opinar sobre as ramificações que o urban sketch pode ter e suas aplicações fora do diário gráfico, mas penso que desvirtua (bastante) o espírito deste blogue que vai para além do desenho e conta as estórias que estão na génese dos mesmos. Estes desenhos mesmo in situ foram feitos com o propósito de os tornar posters, enquanto que os desenhos exclusivos de diário foram feitos porque alguma coisa nos moveu para os fazer e isso vale bem mais que um desenho muitas das vezes ;)