Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Desenho Cru


Em 2012, a iniciativa Desenho Cru foi criada como uma tertúlia mensal de artistas e performers, no curioso palco de um bar gay no coração de Lisboa. A proposta é simples: os performers performam e os artistas desenham-nos. Os espíritos criativos de ambos os lados da barreira (imaginária) são livres de entregar a sua própria arte da forma que sintam que é a melhor.


Hoje em dia, o Desenho Cru é feito num pequeno estúdio no Martim Moniz, um outro coração de Lisboa - a cidade dos múltiplos corações. Fui ao meu primeiro Desenho Cru no início de fevereiro, semanas depois de regressar a Lisboa. É uma experiência de grupo fantástica, em que os níveis de concentração se tornam altos muito rapidamente, mas tudo parece algo diferente de um encontro de desenho normal.


A intimidade do momento é aumentada, primeiro, por causa do espaço estreito onde tudo acontece, onde quinze a vinte pessoas acotovelam-se para terem alguma liberdade de movimento no desenho. Se mais aparecessem, teriam de se sentar no chão (opção do Nélson ali à espreita).


Segundo, pela natureza invulgar das performances - que estão totalmente dependentes dos próprios performers - é um totoloto artistico. Recebe-se aquilo que eles trazem para nós. Veronique, a estreante, tensa ao princípio, por causa dos trinta e tal olhos a escrutinarem-lhe o corpo, finalmente deixou-se levar pela música (a música também lhe levou umas peças de roupa), e jogou com algumas posturas e com o espelho de que dispunha, encostado à parede. Diria que ela se portou muito bem.


O andaluz José Gomez trouxe a guitarra e algum equipamento electrónico que, por qualquer razão, traiu-o a meio do espectáculo. A geringonça gravava um compasso que ele gravava e depois tocava-a em loop, para acompanhar novos compassos que ele ia compondo e gravando e sobrepondo aos anteriores. Um espectáculo de um homem só, travado infelizmente por equipamento defeituoso.

8 comentários:

Miú disse...

Muito bem, as sombras no corpo da Veronique! E o guitarrista também não saiu nada mal.
Parabéns.

Suzana disse...

Gostei muito da composição da primeira página! Que saudades dos desenhos de modelo...

Marilisa Mesquita disse...

Fantásticos!

Maria Celeste disse...

...bela reportagem bem ilustrada...

Fernanda Lamelas disse...

muito bonitos!

nelson paciencia disse...

Os desenhos estão todos óptimos, com excepção do marreco sentado no chão... :)
Foi óptimo conhecer finalmente o dono dos desenhos que já admirava há tanto tempo. Abraço.

Pedro Loureiro disse...

Obrigado a todos! :)
Míu: as sombras e a cor nos primeiros foi dada depois em casa, inventada. Tenho de comparar com os desenhos da malta que fez as sombras lá para ver se bate certo.
Nélson: Foi um prazer conhecer-te também, e a admiração é mútua, como sabes ;)

Manuel Tavares disse...

Grande set de desenhos! Gostei de te conhecer. Pena que a minha estação do metro apareceu rápido. Abraço.