Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Encontro 44 - os resultados

A minha "missão" neste encontro era o cruzamento da Av. de Roma com a Av. João XXI. Confesso que a ideia de desenhar na zona mais movimentada de todas não me agradou. Imaginava a passagem constante dos autocarros e dos automóveis a espalharem ruído e fumo um pouco por todo o lado. Não era o meu ideal romântico de desenhar ao som do canto dos pássaros rodeado de belas fragrâncias. No entanto, a concentração no desenho foi tal que nem dei por nada. Apenas o sol me sobreaqueceu e incomodou mais para o final do desenho.


Sempre admirei o edifício da Caixa Geral de Depósitos, por isso foi com naturalidade que depois do primeiro desenho decidi subir a rua e ver que ângulo me surgia. E não procurei muito. Mal avistei o edifício sentei-me no separador central da avenida e disparei a tinta.


Já depois do almoço queria desenhar no Bairro do Arco do Cego, mas antes de lá chegar fui caçado por esta vista. Sempre vi algo de especial no edifício do Cassiano Branco, embora não saiba explicar o quê. Aproveitei o poste de um sinal de trânsito para me encostar enquanto me sentava "confortavelmente" no lancil à beira da estrada.


O Bairro do Arco do Cego tem moradias muito interessantes e seguramente seria possível passar por ali uma tarde a desenhar. A moradia que escolhi para o desenhar não é de perto nem de longe das mais bonitas (até foi chamada de "aberração" por uma senhora que por ali passou e se apercebeu que a estava a desenhar), mas está localizada numa esquina que me permitia apanhar uma perspectiva como a que tinha visionado (mas foi necessária alguma aldrabice no desenho para encaixar o quarteirão na dupla página).


Já a caminho da Livraria Barata apercebi-me desta janela, ainda no Bairro do Arco do Cego, que estava inserida numa fachada com pormenores bem interessantes. Mas como já estava com pouco tempo acabei por desenhar apenas a janela.


Para terminar reservei algum tempo para dedicar este quiosque, que já por diversas vezes tinha visto quando ao passar de carro pela Av. de Roma, e que já tinha ficado para ser desenho um dia. Foi só questão de aproveitar a oportunidade.


12 comentários:

Luís Ançã disse...

"Missão cumprida". Para além dos desenhos, há o relato da tua relação com os sítios por onde passaste. Um viagem bem narrada.

Luis Gabriel Marques disse...

Estão fantásticos Filipe. O primeiro desenho vi ao vivo no local, e gostei muito do registo gráfico, da simplicidade e da côr. Os outros desenhos só agora tenho a oportunidade de ver e gosto bastante da composição do traço e da tua crónica. Parabéns!

Rita disse...

Excelente reportagem!
Gosto especialmente da janela com a roupa na corda :)

Maria Celeste disse...

...grande e belo trabalho ...
...gosto particularmente do desenho do enorme edifício da CGD...
...foi fantástico ter sido dominado e metido no caderno...

Henrique Vogado disse...

Fantásticos, especialmente com o texto a acompanhar a "viagem". Fixei o olhar na janela com a roupa. Bem apanhado.

Pedro disse...

Uma história bem contada.

Carlos disse...

Filipe. Faltava era ver os teus sketches no site, e ao vivo são sempre mais interessantes e vivos.

Muito bons mesmo. O da janela com o estendal é o mais apreciado

Ana Barbosa disse...

Gostei muito!

hfm disse...

Belíssimos registos!

nelson paciencia disse...

Tu és uma máquina Filipe!

Rosário disse...

Uma bela viagem (desenhos e texto)!

Pedro Loureiro disse...

Estão todos excelentes! Há alguns pormenores que gosto muito:

- a perspectiva deformada (i.e. a aldrabice) do desenho do arco do cego funciona muito bem;
- no mesmo desenho, a pincelada do asfalto, diferente de tudo o resto;
- e as pinceladas verticais na fachada de dominantes horizontais na torre alta à esquerda da do Cassiano Branco, dão ideia de uma qualquer escorrência que lhe dá uma idade respeitável.

Parabéns!