Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Matemática, Arte, e as perspectivas exóticas

Desenho "esférico" do Palácio Ceia, sede da Univ. Aberta, na rua da escola politécnica (lápis seguido de cor digital)
Nos últimos meses ando um bocadinho obcecado com perspectivas exóticas (esféricas, cilíndricas, etc) porque tenho estado a preparar um curso chamado "Arte e Matemática" na Universidade Aberta. É de certa forma uma segunda edição, mas a primeira foi sobre as técnicas do Escher, e não estava ligado com o tema deste blog, por isso não a mencionei. Esta nova edição tem tudo a ver como desenho urbano, por isso espero que a publicidade seja aceitável aqui (?) O curso cobre medições no desenho à vista, luz, sombra, e teoria da cor "moderna", com os diagramas CIE e teorias como a de Munsell, que infelizmente ainda raramente (ou talvez nunca) se ensinam nos nossos cursos de artes. Mas acima de tudo vou tratar de perspectivas "exóticas", que foi um tema que me fascinou desde que vi um urban sketcher a fazer um desenho esférico no encontro do ano passado.

Perspectiva esférica do atelier da Rosa (grafite + giz branco)

Quando comecei a investigar por mim o tema da perspectiva curvilínea achei que ia ser rápido de perceber (tendo em conta que a minha área de especialização é a geometria) mas deparei com uma grande falta de informação coerente, muitas falácias e muita confusão. Acabei por ter que reconstruir grande parte da coisa por mim próprio, mas finalmente tenho um sistema que me agrada - por um lado obtive toda a maquinaria técnica (as fórmulas das projecções, etc) e por outro lado reduzi tudo a um método relativamente simples para desenhar à vista sem ter que fazer grandes contas. Penso que estou finalmente na situação de poder comunicar essas técnicas tanto a quem esteja interessado no aspecto matemático como a quem só queira desenhar (quase) à mão livre.

Quem estiver interessado pode inscrever-se na Universidade Aberta até dia 15 de Abril:

http://www.uab.pt/web/guest/estudar-na-uab/oferta-pedagogica/alv

O curso é online, dura quatro semanas, e termina com uma aula presencial de um dia em que vamos desenhar juntos (opcional, para quem puder vir a Lisboa). Está aberto para todos os interessados (não apenas alunos da UAb) na vertente de formação profissional.

Perspectiva cilíndrica do atelier da Rosa

nota: O que é curioso é que desde que percebi as perspectivas "exóticas" é que acho que fiquei *mesmo* a perceber a perspectiva clássica. Mas isso já é outra história a contar desenhar um dia destes.

Desenho preparatório de perspectiva cilíndrica

11 comentários:

Maria Celeste disse...


...fiquei interessada em conhecer este projecto ...
...gostar de geometria deve ajudar...
...parabéns pelos desenhos ...

Carlos disse...

Caramba, o sketch dentro da bolha está fenomenal. Grande imaginação!

Tuba From disse...

Muito interessante...
Esse curso pode ser frequentado por qualquer pessoa ou só profs do secundário como diz no panfleto?

António Araújo disse...

Qualquer pessoa se pode inscrever. Há dois links para o curso de arte e matemática na página que eu indiquei: um é só para formação de professores e o outro (que diz formação profissional) é para toda a gente.

Abraço
A.

António Araújo disse...

Qualquer pessoa se pode inscrever. Há dois links para o curso de arte e matemática na página que eu indiquei: um é só para formação de professores e o outro (que diz formação profissional) é para toda a gente.

Abraço
A.

Alexandre Esgaio disse...

Que belas experiências.

ana disse...

Gostei muito, fez-me lembrar Escher e antes deste alguns pintores seiscentistas.
Parabéns.

cláudia mestre disse...

Muito interessantes estas perspetivas e parecem ser grandes desafios.

Unknown disse...

Eu quero imprimir isto em tamanho gigante e colocar no tecto em minha casa para poder passar horas a olhar para esta abordagem à perspectiva. Adoro isto!

Brincar com a perspectiva é brutal. Creio que seria interessante o próximo passo - se me é permitido sugerir - seguir distorções impossíveis, ou seja brincar e levar o conceito ainda mais longe.

Eu sei que o Escher o fez mas existe muito para explorar ainda nesse conceito. Talvez explorar a fusão de vários elementos, por exemplo, vários desenhos de Lisboa num só. Tipo "Lisboa numa bolha"! :)

Ou Lx numa sardinha "bolha". São só sugestões humildes face a um trabalho já genial António, ok? :)

António Araújo disse...

Olá Daniel,

só vi agora o comentário, desculpa.
São óptimas sugestões, e de facto correspondem ao que tinha em mente quando me referi às perspectivas como "exóticas", querendo com isso abarcar todas as possíveis, não só as mais estranhas do nosso passado (como a chamada "bizantina") mas também aquelas que ainda nem sequer nos ocorreram. Acho que ainda há muito por explorar. :)

Unknown disse...

Olá António
Com grande pena minha não pude na altura
participar nesta formação. Vai repeti-la? Se sim quando e onde?