Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Challenge XXVII - Não estou pensando em nada


Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia,

Não estou pensando em nada, e que bom!

Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...

Álvaro de Campos

Os sítios modificam-se, desaparecem ou perdem sentido. Tal como as pessoas. Apenas os amigos são eternos. As músicas, os livros, os filmes, as exposições são factos que associamos sempre a algo. Aqui ficam evidências de algumas memórias minhas mesmo, mesmo do princípio de setenta.
Mas, na verdade, não estou pensando em nada, mas realmente em nada, em nada...

Desejo umas boas férias a todos os urban desenhadores.

11 comentários:

Galeota disse...

Estou a viver o ócio...criativo.

Anónimo disse...

Atom Heart Mother. Que se faça a vontade de ser a banda sonora de hoje à noite...

A banda de quem coleccionei todos os cds originais.

---

Alvaro Campos, aquele que queria sentir as coisas de toda a maneira, aquele que pensava em tudo.

Adorei a composição. Diria melhor, uma ODE AO BOM GOSTO. Tenho dito.

* ~

Mário Linhares disse...

Tamanha qualidade de contributo...

Obrigado por deixares transparecer esses pedaços de memória da tua vida!

abr

Pedro disse...

"Musica et ocio fecundo"
Fascina-me a dicotomia entre o ócio e a negativa... o negócio.
Qual o mais produtivo?

Luís Ançã disse...

Podia também haver no desenho uma referência a «Morangos Silvestres», que vi pela 1ª vez em 1971, e que é um filme onde as memórias são constantes.
Obrigado pelos comentários.

JASG disse...

Muito interessante e criativo.

Luís Ançã disse...

Obrigado, JASG.

Rosário disse...

Gosto do desenho, de Álvaro de Campos e muito de Tavira onde nasceu este engenheiro naval!

Luís Ançã disse...

«Eu, que sempre fui um mau estudante (...) fingi que estudei engenharia (...)» (Álvaro de Campos, a bordo)
Obrigado, Rosário.

zeta disse...

O texto, o eterno Álvaro de Campos, o desenho, as partículas moleculares deste ambiente artístico a desintegrarem-se; as notas musicais ocasionadas por este pequeno espaço, tudo isto é muito sugestivo. Por mim até uma partitura do Stravinsky cooperava nesta esfera interactiva…
Eis um metabolismo expressivo escolhido para o flag. Os meus parabéns!

Luís Ançã disse...

Os meus agradecimentos pelo comentário, Zeta.