
Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia,
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia,
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
Álvaro de Campos
Mas, na verdade, não estou pensando em nada, mas realmente em nada, em nada...
Desejo umas boas férias a todos os urban desenhadores.
11 comentários:
Estou a viver o ócio...criativo.
Atom Heart Mother. Que se faça a vontade de ser a banda sonora de hoje à noite...
A banda de quem coleccionei todos os cds originais.
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Alvaro Campos, aquele que queria sentir as coisas de toda a maneira, aquele que pensava em tudo.
Adorei a composição. Diria melhor, uma ODE AO BOM GOSTO. Tenho dito.
* ~
Tamanha qualidade de contributo...
Obrigado por deixares transparecer esses pedaços de memória da tua vida!
abr
"Musica et ocio fecundo"
Fascina-me a dicotomia entre o ócio e a negativa... o negócio.
Qual o mais produtivo?
Podia também haver no desenho uma referência a «Morangos Silvestres», que vi pela 1ª vez em 1971, e que é um filme onde as memórias são constantes.
Obrigado pelos comentários.
Muito interessante e criativo.
Obrigado, JASG.
Gosto do desenho, de Álvaro de Campos e muito de Tavira onde nasceu este engenheiro naval!
«Eu, que sempre fui um mau estudante (...) fingi que estudei engenharia (...)» (Álvaro de Campos, a bordo)
Obrigado, Rosário.
O texto, o eterno Álvaro de Campos, o desenho, as partículas moleculares deste ambiente artístico a desintegrarem-se; as notas musicais ocasionadas por este pequeno espaço, tudo isto é muito sugestivo. Por mim até uma partitura do Stravinsky cooperava nesta esfera interactiva…
Eis um metabolismo expressivo escolhido para o flag. Os meus parabéns!
Os meus agradecimentos pelo comentário, Zeta.
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