Há pormenores que só consigo deslindar quando ando a pé. Até mesmo a correr, no jogging matinal, muito me passa ao lado.
Caminhando vale a baixo, em direção ao Douro, era como seguir o percurso da água, essa torrente que escava sulcos entre os vinhedos. Ali a natureza não é mansa, a não ser quando o Homem, com trabalho nada fácil, consegue talhar a paisagem.
Ali, à beira da estrada, intrigou-me este muro, interrompido por pilares. Tudo ali era de uma austeridade que só o granito consegue manter: pedra talhada para encaixar, como se aquele muro tivesse sido deixado pelos incas. Então perguntei à vizinha que por ali passava, o que era aquilo.
- Aquele é o aqueduto que leva água à... Casa da Soenga.
Disse aquelas palavras devagar, fazendo uma pausa reverente, antes de referir o nome do solar.
Tentei pincelar rapidamente, porque apetece ir conhecer cada curva do rio. Aquele rio que, misteriosamente, aparece e desaparece. O resto é paisagem.
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