Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sal, Cabo Verde - Parte III


Font"e"nário. É assim mesmo que por aqui se chama. Todas as cidades têm esta infraestrutura e todas em azul escuro. A alegria dos habitantes que frequentam o espaço, escondem a tristeza que representam: a escassez de água potável na Ilha do Sal. Raras são as casas com água da rede. Uma casa que tenha electricidade e água ligadas às redes, paga uma média de 100€/mês: um verdadeiro luxo. Num país onde ordenado mínimo nacional é de 100€, não é fácil, obrigando a maioria das pessoas a deslocarem-se aos "fontenários". Apesar dos médicos desaconselharem o consumo desta água devido ao elevado nível de calcário, as dificuldades acabam por falar mais alto. E desenganem-se se pensam que esta água é de borla - é paga e posteriormente levada em garrafões ou jerricans até às suas casas, onde no terraço têm um depósito para receber a água.  Desde que fiquei a saber desta realidade, passei a valorizar cada gota de água que passei a beber.

Os hotéis com as suas áreas ajardinadas, que precisam de ser regadas constantemente, estão a agravar este problema. Uns dias mais tarde fiquei a saber que os nossos amigos ingleses estão a pensar fazer no Sal, aquilo que fizeram no nosso Algarve: hectares e hectares de campos de golfe. Uma ideia divinal, num território onde a água é considerada um "luxo", porque efectivamente não existe. 


À esquerda temos a Igreja Matriz (católica), construída no final do séc. XIX. O interior é bastante modesto e depurado.

Direita - a  Casa Manuel António Martins, onde viveu este antigo povoador da ilha do Sal e importante industrial (salinas). Segundo a tradição, este é um dos primeiros "casarões" da ilha e data da segunda década do séc. XIX.  Este edifício, a par da Casa Viana, encontram-se em processo de classificação - património cultural. Ainda bem. Registei um apontamento - um dos 3 marcos de pedra, que assinalam a entrada na propriedade. Em tempos serviu para amarrar as mulas e cavalos, mas também os escravos que trabalhavam nas salinas.


Esquerda - Santa Maria, Igreja O Nazareno.

Direita - Espargos. Quando no dia 3, desenho a Igreja O Nazareno em Santa Maria, estava longe de imaginar que no dia seguinte, numa excursão à ilha, iria encontrar outra igreja semelhante, na cidade de Espargos, a capital do Sal. Parece que a comunidade religiosa O Nazareno tem "sucursais" em toda a ilha...





5 comentários:

nelson paciencia disse...

Que boa reportagem André! Nem de propósito, amanhã vou para o Sal passar uma semana de férias, já levo um "flavour" do que vou encontrar.

André Duarte Baptista disse...

que coincidência. diverte-te. desejo-te umas excelentes férias. fico a aguardar os desenhos :-) abraço

J.Espadaneira disse...

Bela recolha!

Maria Celeste disse...

...que linda reportagem...

Bruno Vieira disse...

Muito interessante e os registos ficaram mesmo bem.