Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma pergunta para os urbansketchers

Meus caros queridos colegas urbansketchers,

Fui convidada para mostrar os meus Diários Gráficos numa galeria e estou a aqui ter uma semi crise existencial que gostava de partilhar com vocês.

Para mim estes cadernos são uma coisa muito MINHA, contêm não só os meus rabiscos diários mas também pensamentos, conversas escutadas, sonhos e planos muito secretos para dominar o mundo. Incomoda-me pensar neles enquanto objectos artísticos expostos numa vitrina. Mas a ideia de os deixar assim soltos, para serem desfolhados, manuseados e cuscados também me deixa de pé atrás...

Eu gosto muito de mostrar os meus desenhos, de os partilhar com vocês e com quem por acaso me apanha a desenhar na rua. Mas aí sou eu que estou a fazer a selecção. Deixo ver o que quero que vejam.

Gostava de ter a vossa opinião.
O que sentem quando veem cadernos numa exposição? Querem olhar só para eles? Querem desfolha-los?
Tem experiência com este género de exposições? 

Um abraço e um obrigado,

Sofia

7 comentários:

nelson paciencia disse...

Olá Sofia. O Richard Câmara teve recentemente uma exposição de (muitos) cadernos, e estavam em vitrines abertas e permitiram ser folheados. Foi a primeira vez que vi uma exposição de cadernos em que eles puderam ser, "impunemente devorados", o que foi, pelo menos para nós, muito divertido. Porque não tentas saber com o Richard qual a opinião dele sobre o tema?

Tiago Cruz disse...

Isto, basicamente, há os que deixam e os que não deixam.
Por exemplo, eu não deixo. Mas o Marco (sketchbooktherapy.wordpress.com) deixa. :)
Outros deixam mas agrafam as páginas com as instruções para dominar o mundo.
Outros simplesmente só desenham já para evitar estas situações. Ainda assim podem deixar ou não.
Outros deixam mas tem que ser tudo muito bem supervisionado.
Outros não deixam a não ser que seja tudo amigo íntimo.
Outros não deixam nem mostram em lado nenhum (inclusive internet).
Outros até os vendem!
etc… etc… etc… o que não faltam são abordagens diferentes e originais!

Vicente disse...

Acho que o limite é saberes até que ponto te deixa desconfortável. Posso dizer-te da minha experiência. Ao início tinha um certo pudor por mostrar tudo, primeiro porque me sentia demasiado observado e depois porque achava que coisas que só tinham significado para mim não interessariam aos outros. Enganei-me. Descobri que mesmo as pequenas coisas interessam e que os outros às vezes retiram do que nós fazemos coisas para si. Por isso aprendi a partilhar e agora tenho prazer em que vejam os meus cadernos, os meus erros e até as coisas que não gosto. Comecei também a ver os meus trabalhos pelos olhos dos outros e a aprender com isso.

Eduardo Salavisa disse...

O Richard deixou folhear os cadernos só no primeiro e no último dia da exposição. Como tu dizes, os cadernos são íntimos e não são para serem mostrados a qualquer pessoa. Nas exposições de cadernos tal como nos blogues mostramos só algumas páginas. Se expuseres 50 cadernos, são 2500 desenhos que fizeste e mostras só 50 desenhos. É uma pequeníssima amostra, mas. pela minha experiência, aguça a curiosidade e a exposição desperta muito interesse.

sofia palma disse...

Obrigado pelas respostas!
É super interessante para mim perceber o que vocês sentem em relação a isto de mostrar os nossos cadernos, e é engraçado perceber como as opiniões são tão diferentes para cada pessoa...

Suzana disse...

Já expus alguns cadernos, tenho apenas desenhos, nada de muito intimo que não queira mostrar a estranhos e gosto de os mostrar. Já passei pela experiência de os deixar numa exposição para serem folheados não estando presente, o que me deixou bastante desconfortável fiquei sempre a pensar na falta de cuidado que algumas pessoas poderiam ter a folhear e estragar ou sujar as folhas, isto porque sou bastante picuinhas com as minhas coisas :). E esta experiência só volto a repetir comigo presente mas a partir daí fiz sempre em vitrine fechada. Creio que a tua decisão prende-se mesmo com o que te sentires mais confortável em fazer.

Ana Crispim disse...

Eu também acho que quando os deixamos folhear, devemos estar por perto. Em relação ás nossas anotações, ás que não nos importamos de mostrar só os verdadeiramente interessados lêem e entendem. Seja nos Blogs ou ao vivo.