Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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terça-feira, 14 de julho de 2015

Sto. António do Estoril

Hoje o "tour" no comboio da linha levou-me a descer na estação do Estoril. O Estoril que dá hoje o nome a toda a linha não existia. Estoril soa melhor para um estrangeiro do que Sto António do Estoril, o lugar onde no início do séc.XX, para além da Igreja de Sto António poucas mais edificações havia, senão uma pequena estância termal de águas sulfurosas junto da praia numa linda vasta extensão de pinheiros mansos. O Estoril foi projectado e planeado de raíz a régua e esquadro em função de um novo conceito de lazer para aqueles que gostavam e podiam ir "dar uma volta" "take a tour" ou seja fazer turismo, regalo de uma burguesia abastada do princípio do século XX. A industria do turismo em Portugal começa assim aqui, num lugar de excelência entre Cascais e Lisboa, com um clima e uma situação geográfica perfeita, tanto podia ser estância de inverno como de verão. Em pouco tempo construiu-se o que tinha sido traçado, decretaram-se para o efeito incentivos fiscais tipo “Golden Visa” adoptaram-se uma miscelânea de estilos e tiques arquitectónicos que trouxeram dos Alpes e das zonas costeiras italianas e francesas, entre outros revivalismos fantasiosos misturaram-se estilos de palacetes e castelos germânicos com aquilo que se pensava ser a arquitectura típica nacional, tudo valeu num exercício de gosto eventualmente bastante duvidoso, mas urgente para fazer com que naquele tempo o “tour” turístico europeu passasse também por aqui, como afinal acabou por passar no período áureo em que a estação do Estoril chegou a ser a estação terminal do Sud Express. O turista hoje fui eu, que como os outros também confessa o prazer que tem no olhar romântico e algo nostálgico dessa arquitectura fingida, de outros tempos de veraneio da nossa Reviera.

8 comentários:

Teresa Ruivo disse...

Belo texto! O desenho não comento:)

Maria Celeste disse...

...que belo pedaço de história bem ilustrado...

nelson paciencia disse...

Tudo óptimo João, texto e desenhos.
És um craque de Liga dos Campeões, o Mário é que tem razão...

Cesar disse...

Não sei do que gosto mais, se do desenho se da descrição.
Na verdade ambos estão óptimos. Que mais há para dizer?

Rosário disse...

Tudo óptimo e fez-me recordar quando em pequena ia à praia de Algés, o que para a época, já era muito fino!

Ana Crispim disse...

Gosto muiiiiiiiito ... com um texto que dá prazer ler

hfm disse...

Não sei do que gostei mais se do desenho se do texto. Vieram dar-me um pouco de ânimo ao tempo na terrinha. Embrumado, para não variar!!!

Pedro Alves disse...

Não há palavras que cheguem aos calcanhares dos teus desenhos, mesmo quando são tão brilhantes como estas... Este desenho (como todos os outros) é sublime ;)