Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ainda na Prrrraça de Setúbal...


Há que ler estas frases com o sotaque charroco dos pescadores de Setúbal. Nesta prrraça acentuam-se os “rrrr” e comem-se os finais das palavras, deixando os “ssss” a pairar no ar. É o sotaque do povo pescador, que tem uma linguagem muito própria e com dizeres muito engraçados. Deixo aqui alguns que achei mais curiosos:

  • “Arrrma-te em parv e depois diz que tens azarrr”, como quem diz, mais vale estar quieto que fazer asneiras. Ou ainda “Nã mexas no tempo senão trrrroveja”.
  • “Crriados em lama nã gostam d’enguias”
  • Em Setúbal há muito (e bom) peixe, pelo que comer peixe não é um luxo, mas sim o prato mais comum. É mesmo o prato diário dos menos abastados. Então, quando se faz uma tarefa repetitiva, por exemplo um amigo que desafia outro a ir ao mesmo lugar de sempre, em vez de se responder “outra vez a mesma coisa?”, ou “outra vez para o mesmo lugar?”, diz-se frequentemente “Ôtrrra vez pêxe assado?”
  • “Ou estarrr nevoierrro ou roubarrrem a Trrróia”, expressão usada quando se está bêbado e não se vê nada à frente, uma vez que os pescadores, ao chegarem a Setúbal, vêm sempre Tróia, a menos que esteja nevoeiro... ou que a pinga já distorça a vista.

Vale muito a pena visitar esta A Prrraça de Setúbal... uma manhã passa num instante neste borbulhar de vida.

Sem comentários: