Entrevista a Jorge Antunes
O Jorge é o associado nº 218, Formador CAD 2D e 3D e vive em Montemor-o-Velho.
Há quanto tempo desenhas?
Sempre me lembro de desenhar desde muito novo, especialmente enquanto era adolescente e passava as férias de verão a andar de bicicleta, parando para registar os sítios que encontrava, muitas vezes desconhecidos para mim. Entretanto, fui de certa forma forçado a parar de desenhar por algum tempo enquanto terminava o meu curso e começava a desenhar em computador CAD, mas foi enquanto me licenciava em Arte e Design que voltei a ter contacto
com o desenho livre, devido ao Diário Gráfico. Assim, depois de anos a desenhar à frente de um computador e segundo normas técnicas, o desenho artístico voltou a fazer parte da minha vida como forma de escapar ao stress e de manter um tipo de memórias dos sítios que visitava diferente. Num mundo tecnológico onde as redes sociais são os locais de partilha de tudo o
que as pessoas veem (quando na verdade nada veem, pois apenas tiram fotografias sem olhar para os cenários originais) o desenho “in situ” faz-nos ver, obrigando-nos a observar calmamente o local e todos os seus detalhes, de forma a os registar em cadernos. Esses cadernos constituem por isso autênticos álbuns fotográficos: podem ser guardados numa prateleira e ser vistos mais tarde, permitindo a recordação de momentos e detalhes não só do local, como também do ambiente que o envolveu, algo que não pode ser registado através apenas de fotografias.
Há quanto tempo és USk?
Pode-se dizer que me tornei USk oficialmente depois do 1º encontro em que participei, no Lorvão, mas comecei a desenhar com mais frequência em 2013. Com a descoberta do Diário Gráfico e depois de alguma pesquisa na internet, começaram a surgir desenhos e blogs com o termo Urban Sketchers associado e vendo alguns dos trabalhos, decidi que era aquele tipo de desenho que pretendia adotar. Mas foi com a criação do grupo MoSk, em 2014, que iniciei esta aventura do desenho, começando por ir aos encontros do grupo de Urban Sketchers em Aveiro (ASk), organizados por João Tiago e posteriormente a outros encontros. Depois, fui desafiado a experimentar um novo suporte para os meus desenhos, o papel palha de arroz produzido no Centro de Artes do Papel e a realizar um encontro para divulgar esta técnica. Desde aí, sempre
que posso, levo papel de palha de arroz para todos os encontros de desenho e tento partilhar esse diferente suporte de desenho.
O que/quem mais inspira os teus desenhos?
Gosto de desenhar edifícios distorcendo as suas perspectivas e volumes, registando-os de forma rápida. Este estilo de desenho que adotei surgiu, em grande parte, devido à influência de vários Urban Sketchers tais como Eduardo Salavisa e Nelson Paciência.
O encontro USk mais marcante?
O encontro mais marcante foi sem dúvida o primeiro que organizei em Montemor-o-Velho, pois foi o que marcou o início desta nova fase da minha vida, onde o desenho se tornou não só uma forma de interpretar o ambiente que me rodeava como manter recordações desses mesmos locais. Claro que todos os encontros onde participei e participo são também marcantes, permitindo-me descobrir novas técnicas, conhecer Urban Sketchers cujos trabalhos sigo nas
redes sociais e contactar com novos locais ao longo de Portugal, que tanto oferece para desenhar.
Que materiais preferes usar?
Como suporte para os meus desenhos gosto de experimentar tipos de cadernos diferentes, optando por andar sempre com mais do que um caderno em simultâneo, desenvolvendo diários cujos temas e técnicas são distintas. Para desenhar, prefiro utilizar caneta Bic e aguarela.
Jorge Antunes desenhado por Renata
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