Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

É da chuva

É da chuva

Abrem-se as janelas ensonadas,
Lê-se a sina no céu,
Anunciam as nuvens encharcadas:
Vai cair como um véu.

E, de chuço na asa,
Navegando incógnitos na turba,
Vamos à vida, que se atrasa,
É da chuva, é da chuva.

A milenar cidade escurece
Mergulhada num breu de tristeza,
Que até a alma arrefece,
É da chuva, de certeza.

Está Braga de cara fechada
E encharcada por dentro,
Vertendo lágrimas na calçada,
Das ruas mudas do centro.

Também o ofício emperra,
Sonolento e desconsolado,
Falta-lhe sangue na guelra,
Porque chove pesado.

Tardou o toque de saída,
Mas não esquece o varetas,
E, em passo de corrida,
Vamos saltando valetas.

Batemos a porta da rua,
Mudamos a roupa que pesa,
Mas até a janta amua,
Foi a chuva, de certeza!
                       
Mário Carvalho
12 de novembro de 2019


2 comentários:

Rosário disse...

Que bonito!

Isabel Alegria disse...

Gosto das tuas pessoas. Têm muito movimento e expressão.