Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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domingo, 12 de agosto de 2018

Simpósio no Porto


O meu primeiro desenho no Porto foi uma tentativa de casario que não tive tempo de terminar. Está ali em cima, à esquerda. Depois foi muita conversa e horários sempre em atraso...

Cheguei tarde à livraria Lello, mas ainda me deixaram entrar. O Matias precisava de ir dormir, pelo que abri o caderno e desatei a desenhar como senão houvesse amanhã... 
Ao olhar para as linhas pretas pensei: "bolas, isto está mesmo mal...."
Tirei a caneta sépia e desatei a desenhar a Reham Ali que estava do meu lado esquerdo, a Gail Wong, um pouco mais à direita, e a Johanna Krimmel, ainda mais à direita.

Terminei e fui deitar-me a pensar que o Porto ia ser um desastre...


No dia seguinte, o da acreditação na Alfândega, decidi que ia desenhar apenas. Nada de aguarelas, nada de cor. Todos os momentos que tivesse seriam para a linha. Das janelas da sala do Arquivo, a vista para a cidade era deslumbrante. Fui fazendo este desenho aos poucos. Num dos momentos, um brasileiro chorava ao meu lado enquanto falava ao telefone. Estava perturbado com alguma coisa que estava a acontecer no Brasil à sua família. Sentia-se impotente por estar deste lado do oceano. 
Desligou o telefone.
Perguntei: 
- Está tudo bem?
- Não, está tudo mal. Está tudo mal...
- Vou buscar-lhe uma cadeira e um copo de água.
- Obrigado, muito obrigado.
Fechei o caderno.
Consegui primeiro a cadeira, mais tarde o copo de água.
Falei um pouco com ele.
Só voltei a desenhar ao final do dia, na Praça da Ribeira...


Palavras para quê? 
Este foi um momento que gostei muito de partilhar com a grande Cláudia Mestre e o Filipe Almeida, com quem não estava já há algum tempo e soube-me mesmo bem!

Começou assim o meu Simpósio no Porto!

9 comentários:

Miú disse...

E começou lindamente! :)

Alexandra Baptista disse...

Que bela publicação Mário.

Luís Ançã disse...

Tua caligrafia - como dizia Mestre Lagoa Henriques - é inconfundível. E é sempre um prazer revisitá-la. Um abraço.

Bruno Vieira disse...

...e que linhas fantásticas, a boa companhia ajuda sempre :D

Mário Linhares disse...

Obrigado!

Lurdes Brito disse...

Maravilha! O primeiro desenho é maravilhoso! Parabéns!

Ana Crispim disse...

Excelentes Então o primeito!...

Mário Crispim disse...

Grandes desenhos, gosto particularmente de terceiro!

Teresa Ruivo disse...

Os desenhos, as suas histórias, as suas memórias, e os pedaços de nós que ficam dentro dos nosos cadernos...Destas páginas não te vais esquecer nunca!
(E nós também não, porque vão para o cabeçalho:))