Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


Pensamos que o Diário Gráfico melhora a nossa observação, faz-nos desenhar mais e o compromisso de colaborar num blogue ainda mais acentua esse facto. A única condição para colaborar neste blogue é usar como suporte um caderno, bloco ou objecto semelhante: o Diário Gráfico.


Neste blogue só se publicam desenhos feitos de observação e no sítio

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Rota do Românico I

Pensava que as férias seriam tranquilas, entre vinhas e água doce, mas enganei-me redondamente. Reparei, pouco a pouco, que o granito das fragas também dá forma aos mais frágeis e singulares edifícios. As férias acabaram por trazer novas descobertas, novos lugares e novas pessoas. E no fim, por incrível que pareça, o melhor ficou por conhecer.


O mosteiro de Santa Maria de Cárquere lança um olhar que contempla, lá em baixo, o serpentear do Douro, e no alto, o planalto beirão. Diz a lenda que ali, com água daquelas nascentes, se curou D. Afonso Henriques, e fez-se o mosteiro. O que resta mais parece uma colagem de fragmentos, com arcos, portas e janelas que hoje apenas recortam o céu e o passar das nuvens.


O mosteiro de Tarouca pode estar fora da rota turística, mas quase fica em caminho. A escala monumental daquelas ruínas merecem qualquer viagem. A igreja está bem conservada e também nos mostra o trabalho artístico de várias épocas.


Salzedas fica no mesmo concelho e o mosteiro não é para menos. Também pertenceu à Ordem de Cister e, visto do café da aldeia, presta-se a um desenho bem mais demorado do que aquele que fiz.




São Pedro de Águias foi provavelmente a maior surpresa desta viagem, e certamente um dos tesouros mais bem guardados em Portugal. Trata-se de um ermitério, construído junto de um penhasco do rio Távora, num equilíbrio instável entre a gruta de granito e as águas furiosas do rio, mesmo num ano de seca. É surpreendente ver como aquelas esculturas delicadas que ladeiam os portais sobreviveram ali, durante quase um milénio.


Enquanto desenhava, fui surpreendido pela chuva. Valeu-me o abrigo da gruta, mas nem assim consegui evitar alguns salpicos na aguarela.

3 comentários:

Urban Sketchers Portugal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teresa Ruivo disse...

Que bom ver estes desenhos logo pela manhã!

José Louro disse...

Que frescura de mancha. Adorei.