Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Aguarelas de Santa Cruz - Parte II - O meu papel...

Desenhar em cadernos não é novidade para os artistas em geral, de modo que é ainda a forma que muitos tem de compor as suas obras andes de as transpor para grandes telas. Andar de caderno na rua a desenhar o que está diante de nós é uma prática tão antiga como os cadernos em si e para estes artistas, nada de novo tampouco...



No entanto, os Urban Sketchers introduziram uma nova variável nesta equação: a narrativa, o carácter jornalístico, e é essa componente que estes artistas não estão tão habituados a ver. O que nós Urban Sketchers fazemos nos nossos cadernos transcende a técnica, o rigor e a materialidade, nós contamos histórias que um dia poderão fazer parte da História, mas acima de tudo, são memórias nossas, porque estivémos lá numa determinada ocasião. Tinha encontrado nesse momento qual iria ser o meu papel nisto tudo. Apesar de não gostar do termo "registo" quando relacionado com o desenho, era isso mesmo que eu iria passar a fazer, a registar tudo o que eu conseguisse ver, ouvir e sentir...


Depois uma manhã bem carregada de chuva e tempo invernoso, passei o almoço bem divertido e a rogar pragas ao tempo oscilante de Santa Cruz. Após muito vinho e uma Macieira com o Augusto, subimos até ao miradouro da Praia Formosa para ver o mau tempo ir embora dando lugar a um sol radiante. "Adoro o Verão em Santa Cruz, o ano passado calhou a uma 4ª feira" brincava eu... Este ano começou na 2ª depois de almoço e deve ter ficado até 3ª a tarde, nada mau...  


Mas o que eu realmente queria era sentar-me na esplanada com os amigos e deixar o tempo passar entre desenhos, conversa e imperiais. Depois de muitos copos, era tempo para assistir à demo do talentoso George Politis da Grécia que fora reagendada para as 17h dado que de manhã havia água a mais para a aguarela...


Uma das coisas que os artistas convidados são "obrigados" a fazer, é uma demonstração pública do seu trabalho e normalmente, em Santa Cruz durante o mês de Agosto é sinónimo de bastante gente em redor a observar. Alguns curiosos paravam uns segundos e seguiam viagem mas havia alguns olhares bem interessados na fantástica performance deste premiado artista helénico. Ao lado esquerdo do George, a sua filha fazia um "cafuné" à pequena Ines (neta da artista Isabel) enquanto observava com orgulho as belas texturas que as Daniel Smith iam fazendo no Arches de 600g do seu pai. Do lado direito os olhares mais atentos eram das famosas e talentosas espanholas Angela Barbi e Teresa-Jordá. Vale bem a pena conhecerem o trabalho desta "malta" ;) 


Depois de mais uns copos, uma vez que há sempre brindes atrás de brindes cada vez que um artista acaba uma demo, voltamos ao nosso "Quartel-General", a pensão Mar-Lindo que tem das melhores vistas para a praia e respectivo por do sol. Não desenhei o clássico por do sol mas sim o efeito que o sol fazia no casario envolvente. Essa luz quente que provoca sombras luminosas é muito característica desta zona, mas no entanto também é muito rara, porque como disse no inicio, só há sol nestas bandas umas duas ou três vezes por ano.

Continua...

7 comentários:

Ana Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno Vieira disse...

Boa reportagem, deve ter sido uma bela experiência.
Desenhos impecáveis.

nelson paciencia disse...

Óptimo post!

Rosário disse...

Gosto muito dos teus desenhos! Aprecio a narrativa, mas para mim não quero acrescentar o carácter jornalístico! Desenho o que me apetece e chega!

hfm disse...

Belíssimos desenhos e narrativa.

Alexandra Baptista disse...

Grande reportagem e os desenhos levam- me ao lugar, belíssimo.

Isa Silva disse...

Uauu!