Longe vão os tempos em que a monumental Praça do Comércio era um gigante parque de estacionamento, uso pouco condizente com a grandeza e o simbolismo projectados na reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755. Hoje é um lugar povoado de gente, de todas as nacionalidades, e por entre autocarros ruidosos com e sem capota, taxis e tuquetuques, vêem-se turistas de telefones em punho a registar aquele instante.
No local onde estou, prestes a dar um golo na minha segunda cerveja, ouço música com mais de 30 anos, The Stranglers e o formidável "always the sun", mesmo a propósito de um dia solarengo e muito quente de Junho. São quase seis da tarde, olho em frente para o exacto local onde se deu o Regicídio naquele dia 1 de Fevereiro de 1908. Ali perderam a vida o Rei D. Carlos I e o seu filho D. Luís Filipe, às mãos da carabina de Manuel Buíça e do revólver de Alfredo Costa, também eles abatidos no local.
Pessoas para cima e para baixo, deliciados por um país simpático que oferece sol, boa comida encanto de sobra para quem nos visita. Enquanto peço a conta e me preparo para desenhar, ouço os acordes de guitarra do Paul Simon e ouço a sua voz a entoar "me and Julio down by the schoolyard", e imagino como será este mesmo lugar e a sua movida daqui a outros cem anos...
Desenho feito pouco antes de começar a 5ª sessão do programa 10 years 10 classes.
8 comentários:
Tão giro o desenho! E que bela sessão devo ter perdido...
Cada vez melhor Nelson!
Se não fosse esta sessão, acho que nunca teria reparado na placa que marca este acontecimento...
G'anda desenho, Nélson!
Adoro o desenho e também o texto que escreveste!
Excelente visão raio x, já que por estes dias o difícil é conseguir ver a praça
Em cheio na mouche! :)
como eu gosto destes "escangalhados" :-)
Reflete bem o ambiente e espirito do local. Gosto.
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