Depois de uma viagem interminável e, ao mesmo tempo, incrivelmente sombreada e agradável, chegamos ao Kasbah ao por do sol. Tudo isto é tão cênico, tão diferente, tão Nilo encantado, que teimo a não acreditar nos sentidos.
O kasbah onde estamos alojados é verdadeiramente fantástico! O interior é austero, mas lá fora há um jardim com hortas de menta para o chá, palmeiras carregadas de tâmaras e uma vista sobre todo o palmeiral, fora do qual o olhar só consegue abarcar uma tira longínqua de terra nua e outra tira da neve que acaba de cair.
Nesse jardim há uma piscina, há pérgolas e fontes.
E o senhor, tendo o resto do Kasbah vazio só para nos, é de uma simpatia que raramente se usa no ocidente. Serviu chá de menta e tâmaras à chegada, falou em levar-nos amanhã a uma aldeia só de berberes e longe do resto do mundo. Mostrou-nos ainda uma reportagem num blogue de brasileiros, de nome viver a viagem, com esse mesmo percurso, quando aqui estiveram hospedados.
De noite pouco se vê. Mas também não é preciso, já que a via láctea, manchada e mais exuberante que nunca, parece emanar uma luz própria que só a silhueta das palmeiras parece travar. Amanhã saio com o meu pai para jogging junto ao oued, o rio seco que da margem aos palmares. Como choveu há pouco há muitos pequenos lagos e aqui e ali aparecem ruínas de formas ousadas em terra, que um dia, sabe-se lá, terão sido Kasbah como estes ou simples celeiros fortificados.
Dar Essalam é o nome do albergue. Aqui só se chega em terra batida e os únicos sons vem de cães longínquos e do omnipresente chamar desfasado dos minaretes que imaginamos estar escondidas na vegetação.
5 comentários:
Gosto muito da tua escrita. Belo post.
Dar es-Salaam, "a abóbada da paz", se não me engano. Enquadra-se na perfeição com o que descreves em texto e desenho.
Excelente post!
João Carvalho
que linha!!! não me canso.
Adorei o post!
Ana Resende
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