Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

No topo da Calçada Conde Penafiel


A partir de agora, o trio "roqueiro" tem de se reinventar e aprender que nem só de "Roques" vivem os nossos Intervalos de Almoço. Para tal, fomos a um dos meus locais da adolescência, uma calçada que eu desci e subi vezes e vezes sem conta sempre com a mesma sensação de deslumbramento por (re)descobrir o Tejo por cima de uma complexa teia de telhados, mansardas e águas furtadas de todas as idades. Desta vez, o rio estava prateado e brilhava por entre um misto de sol, nebelina e poluição, neste dia de ar carregado que não nos deixava observar o horizonte com aquela nitidez típica de um dia de sol Lisboeta. Ao longe apenas víamos vultos sinistros que volta e meia tomavam forma conforme a movimentação da nebelina.
Para que este desenho quase etéreo tomasse esta forma foram necessários alguns improvisos para continuar nesta busca incansável de "fazer sempre diferente". Peguei num bloco de folhas A3 de 230g/m² e cortei às tiras para se aproximar ao formato dos meus habituais blocos e para a tinta, uma mistura de Carbon Ink com Água na minha Lamy. A linha cinza perde força relativamente à cor,  mas nunca se submetendo. Gostei desta experiência, vou continuar e ver para onde me leva...

8 comentários:

USkP Convidado disse...

Excelente! Gosto muito da perda de intensidade da caneta, como também gosto do contra luz em tons violeta. Faz-me lembrar o "purple fringe" na fotografia.

João Carvalho

USkP Convidado disse...

Gosto da experiencia e acho que este caminho vale a pena percorrer.
Leonor Janeiro

Maria Celeste disse...

...lindo e cheio de novidade...

USkP Convidado disse...

Belíssimo!
O texto é poético (gostei muito) e a nossa Lisboa merece-o, porque sempre tem a capacidade de nos surpreender nas suas alternâncias de cor.

Concordo com a evolução; sou a favor do uso de caderninhos ou folhas sem "risco ao meio" que melhor permitam expor as obras de arte que os USK P produzem (e são tantas...).

A propósito: a exposição PA em Torres Vedras, no bar...soube a pouco. Para quando uma próxima, mais completa?

Fefa

Pedro Loureiro disse...

Ganda mén! Ficou do camandro!

Miú disse...

Li algures que devia haver uma tecla para fazer "like" automático em todos os desenhos do Pedro Alves (ou, como há agora, aqueles coraçõezinhos de "I adore", que classificassem de imediato todas as publicações). E é bem verdade, pois não há desenho teu que não nos ponha de boca aberta, não só de espanto mas de deslumbramento. Este, em particular, tem uma qualidade etérea, quase onírica, transportando-nos para lá daquele Tejo prateado. Vogamos na luz destas cores límpidas e queremos ficar a viver nelas, nesta Lisboa que aos teus olhos fica ainda mais bela.

Bruno Vieira disse...

Mais um desenho fabuloso que consegue surpreender. Lisboa está cheia de recantos e vistas interessantes, continua!

USkP Convidado disse...

Pronto, depois deste comentário belíssimo da Miú, ficou mesmo difícil comentar este fabuloso desenho mas não resisto a repetir-me: adoro esta nova paleta cromática, o facto de te superares e o detalhe do eléctrico.
Celeste Vaz Ferreira